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Enfrentando nossos limites: Educação popular e escola pública


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Desafio


O MST tem presente que, assim como o conjunto do programa de Reforma Agrária que defende, esta proposta de educação é ainda em grande parte um sonho, diante da situação atual de nosso país neste campo. O desafio é seguir nesta luta permanente até que o sonho vire realidade: até que a Reforma Agrária se faça, até que o Estado se democratize e se comprometa com as causas do povo, e até que as transformações sociais produzam justiça, igualdade, dignidade humana. Daí certamente não haverá mais sem terra fora da escola; porque não haverá mais em nosso país trabalhadores sem-terra e sem trabalho, e nem haverá mais crianças, jovens ou adultos fora da escola.

Mas sabemos que, toda vez que conquistamos um assentamento, implantamos uma agroindústria de trabalhadores, alfabetizamos um analfabeto, escolarizamos um sem terra, estamos dando um passo a mais na concretização deste sonho. Só que não conseguimos fazer isso sozinhos. Precisamos de ajuda, assim como oferecemos nossa colaboração. Se a "Reforma Agrária é uma luta de todos!", uma educação de qualidade para o povo brasileiro é também uma bandeira de luta do MST, junto com tantos outros movimentos de luta pela mesma causa. É nosso grande desafio, pois, conseguir levar este trabalho adiante, ampliando o número daqueles e daquelas que podem ajudar a girar a roda da história, para frente.



Os processos de ensino-aprendizagem: 18

Análise didática das principais teorias da aprendizagem


J. Gimeno SACRISTÁNe A. I. Pérez GOMEZ,

É claro que a didática como ciência, como arte e como praxis19 necessita apoiar-se em alguma teoria psicológica da aprendizagem. No entanto, não se pode realizar uma transferência mecânica dos princípios psicológicos para as determinações normativas da didática.

A maioria das teorias psicológicas da aprendizagem são modelos explicativos que foram obtidos em situações experimentais e referem-se a aprendizagens de laboratório, que só relativamente podem explicar o funcionamento real dos processos naturais da aprendizagem incidental e da aprendizagem na aula. Estas teorias deveriam enfrentar estes processos como elementos de uma situação de intercâmbio, de comunicação, entre o indivíduo e seu meio físico e sociocultural, no qual se estabelecem relações concretas e se produzem fenômenos específicos que modificam o sujeito. Como veremos, nem todos os enfoques teóricos enfrentam o problema de compreender os processos de aprendizagem com a mesma pretensão de aproximação às situações naturais da aula.

Portanto, nos propomos, em primeiro lugar, a analisar as derivações didáticas que, como hipóteses de trabalho, podem ser extraídas das teorias de aprendizagem mais significativas. Com este propósito distinguimos dois amplos enfoques com suas diferentes correntes:

1) As teorias associacionistas, de condicionamento, de E-R20, dentro das quais se podem distinguir duas correntes:

a) Condicionamento clássico: Pavlov, Watson, Guthrie.

b) Condicionamento instrumental ou operante: Hull, Thorndike, Skinner.

2) As teorias mediacionais: dentro das quais se podem distinguir múltiplas correntes com importantes matizes diferenciadores:

a) Aprendizagem social, condicionamento por imitação de modelos: Bandura, Lorenz, Tinbergen, Rosenthal.

b) Teorias cognitivas, dentro das quais distinguiremos várias correntes ao mesmo tempo:

  Teoria da Gestalt e psicologia fenomenológica: Kofka, Kõhler, Whertheimer, Maslow, Rogers.

  Psicologia genético-cognitiva: Piaget, Bruner, Ausubel, Inhelder.

  Psicologia genético-dialética: Vygotsky, Luria, Leontiev, Rubinstein, Wallon.

c) A teoria do processamento de informação: Gagné, Newell, Simon, Mayer, Pascual Leone.

Por sua importância pedagógica, dentro da perspectiva mediacional vamos reduzir a análise às seguintes teorias:

  Teoria da Gestalt.

  Psicologia genético-cognitiva.

  Psicologia genético-dialética.

  Processamento de informação.

O critério escolhido para a classificação é a concepção intrínseca da aprendizagem. O primeiro grupo concebe esta, em maior ou menor grau, como um processo cego e mecânico de associação de estímulos e respostas provocado e determinado pelas condições externas, ignorando a intervenção mediadora de variáveis referentes à estrutura interna. A explicação da influência das contingências externas sobre a conduta observável, e a organização manipulação de tais contingências para produzir, conseqüentemente, as condutas desejadas, são a pedra fundamental da teoria da aprendizagem. O segundo grupo, pelo contrário, considera que em toda aprendizagem intervém, de forma mais ou menos decisiva, as peculiaridades da estrutura interna. A aprendizagem é um processo de conhecimento, de compreensão de relações, em que as condições externas atuam mediadas pelas condições internas. A explicação de como se constróem, condicionados pelo meio, os esquemas internos que intervêm nas respostas condutuais é seu problema capital e um propósito prioritário.

Não nos deteremos na explicação dos princípios e pressupostos que configuram as diferentes teorias. (...). Simplesmente nos ocuparemos da análise das derivações didáticas dos diferentes enfoques, tentando esclarecer a virtualidade pedagógica de seus pressupostos.

Derivações didáticas das teorias do condicionamento


As derivações pedagógicas e didáticas dos princípios em que se apóiam as teorias do condicionamento são evidentes, principalmente quando o próprio Skinner (1968b) dedicou parte de seus trabalhos à aplicação prática de seus esquemas psicológicos sobre a aprendizagem. (...). Esta concepção baseia-se no seguinte princípio: o homem é o produto das contingências reforçantes do meio.

"É necessário abolir o homem como essência, como autonomia, refúgio da ignorância antropológica da história para compreendera conduta complexa de cada homem, condicionado por suas contingências históricas" (Skinner, 1972, p. 254).

O objeto da ciência psicológica, nesta perspectiva, é conhecer tais contingências e controlar na medida do possível, seus efeitos reforçantes para a conduta humana. Tudo na vida, objetos, situações, acontecimentos, pessoas, instituições, tem um valor reforçante, reforça uma ou outra conduta. O comportamento humano está determinado por contingências sociais que rodeiam, orientam e especificam as influências dos reforçadores. A luta pela liberdade e dignidade deve ser formulada mais como revisão das contingências de reforço nas quais a pessoa vive do que como defesa do homem autônomo.

Esta concepção do homem norteia as aplicações pedagógicas e didáticas de seus princípios de aprendizagem, como se pode comprovarem Walden dos (Skinner, 1968a) e The technology of teaching (1968b). A educação transforma-se numa simples tecnologia para programar reforços no momento oportuno. Para isso, e de acordo com um princípio de discriminação e modelagem, é necessário dissecar analiticamente as condutas que se pretendem configurar, até chegar a identificar suas unidades operacionais mais básicas. Dessa forma, os programas de modelagem por reforço sucessivo das respostas, que supõem aproximação a tais unidades, são objeto e responsabilidade da tecnologia da educação. Ao prescindir das variáveis internas, da estrutura peculiar de cada indivíduo, ou ao desprezar a importância da dinâmica própria da aprendizagem, o ensino se reduz a preparar e organizar as contingências de reforço que facilitam a aquisição dos esquemas e tipos de conduta desejados. Uma vez determinada a conduta que vai se configurar e estabelecidas as contingências de reforço sucessivo das respostas intermediárias, a aprendizagem é inevitável, porque o meio está cientificamente organizado para produzi-lo.

É oportuno lembrar, inclusive, o próprio princípio da preparação e disposição do organismo para questionar toda uma montagem que esquece as peculiaridades individuais, inatas ou adquiridas, como instâncias intermediárias que resistem a uma modelagem tão simples e mecânica. Em sua história, cada indivíduo constrói certas pautas ou esquemas de percepção, de valorização e de comportamento que oferecem, no mínimo, resistências mais ou menos férreas a qualquer modificação e transformação arbitrárias e mecânicas programadas de fora. (...)

A crítica mais rigorosa ao condutismo se coloca contra as posições epistemológicas que sustentam estas teorias e contra suas aplicações práticas no campo do ensino e da modificação de conduta. É nestes aspectos, quando o condicionamento se apresenta como teoria explicativa e normativa, que evidencia toda a sua radical debilidade. Suas posições teóricas carecem de consistência epistemológica. Ao reduzir suas investigações extrínsecas entre estímulo e resposta para comprovar a regularidade de correspondências entre certas entradas e determinadas saídas, estímulos e respostas, limita voluntariamente seu campo de estudo e necessariamente deveriam restringir do mesmo modo suas pretensões de interpretação e generalização universal. Suas posições teóricas de caixa preta limitam a análise ao observável. Portanto, suas conclusões só serão válidas para aqueles períodos da aprendizagem e para aqueles aspectos dos processos em que a relação input-output (entradas-saídas), estímulos e respostas observáveis, seja o todo da conduta, ou seja, quando a dinâmica interna do organismo seja tão simples e linear que possa ser explicada como simples via de transição. No momento em que a estrutura interna se complica e organiza como efeito das aprendizagens sucessivas, a relação estímulo-resposta se diversifica, ao estar mediada por variáveis internas que o organismo foi construindo e continua modificando.

Assim, apenas as condutas animais e as primeiras formas de reação da criança podem receber uma explicação satisfatória nas teorias do condicionamento. Quando o desenvolvimento complica e organiza o psiquismo infantil, a aprendizagem já não pode ser entendida como uma simples relação de entradas e saídas. As saídas, respostas, são mais o produto da estrutura interna do que do caráter do estímulo exterior. Existe uma mediação que transforma, e na qual não pode compreender a conduta sem explicar essa transformação. Pode-se afirmar que o condicionamento simplificou o problema real da conduta humana   desde suas propostas não poderia ser de outra forma. O reducionismo mecanicista que se faz ao adotar uma perspectiva biologicista desemboca necessariamente na redução e simplificação do objeto de estudo, na eliminação de sua complexidade.

Desde a perspectiva didática é o condutismo, ou melhor, o condicionamento operante de Skinner, que teve uma incidência mais significativa. Os programas de reforço, o ensino programado, as máquinas de ensinar, os programas de economia de fichas na aula, a análise de tarefas, os programas de modificação de conduta... são aplicações diretas dos princípios de Skinner à regulação do ensino. São, portanto, essas aplicações que merecem uma análise mais detalhada.

São dois os pressupostos fundamentais em que se assentam as diferenças técnicas e procedimentos didáticos do condutismo: por um lado, a consideração da aprendizagem como um processo cego e mecânico de associação de estímulos, respostas e recompensas; por outro, a crença no poder absoluto do reforço sempre que se apliquem adequadamente sobre unidades simples de conduta.

Apoiada nestes dois pilares, a educação, e de modo concreto o ensino, transforma­se numa tecnologia que prepara as contingências, as características do contexto e as peculiaridades de cada situação, e regula a administração de reforços. Não existem variáveis endógenas, internas, existe apenas uma organização estudada do cenário, de forma que cada componente desempenhe seu papel e em cada momento atue o reforço apropriado. Isso implica que as condutas complexas devem ser dissecadas em suas unidades mínimas constituintes, ordenando cuidadosamente as mesmas em função de sua seqüência hierárquica. O reforço de cada unidade constituiria o objetivo imediato de toda prática didática. Fixa-se e se aprende cada elemento por reforço e se provoca a seqüência de conduta desejada. A única responsabilidade didática para este enfoque é a eficácia da técnica na realização de objetivos parciais. A eficácia é o fim exclusivo da ação didática, para o qual se exige uma definição operacional de objetivos no mais baixo nível de abstração: a conduta observável. Deste modo, pretende-se que os objetivos de cada unidade de ensino possam ser programados com facilidade, reforçados independentemente e avaliados com clareza.

Seria conveniente questionar o sentido desta redução tecnológica da educação. Pode-se reduzir a riqueza axiológica e a complexidade teleológica da educação e do ensino a uma eficaz programação de objetivos operativos, concretos e observáveis? Se o psiquismo de cada indivíduo é um sistema complexo de relações e interações, como esquecer e ignorar os efeitos múltiplos de cada uma de suas condutas parciais de suas aprendizagens concretas? A eficácia numa aquisição, ao preço que for, pode acarretar efeitos secundários, respostas e tensões importantes que limitem as futuras aprendizagens, perturbem o desenvolvimento e sejam, portanto, claramente contraproducentes. Por exemplo, reforçar com prêmios concretos cada tarefa de aprendizagem pode ser eficaz, mas pedagogicamente questionável, porque pode acostumar os alunos/ as a situar extrinsecamente os motivos de sua ocupação. De qualquer forma, é necessário questionar também o próprio princípio de eficácia condutista, porque se refere antes a uma eficácia a curto prazo e sobre tarefas simples de aprendizagem. Sem contar com as mediações internas não há eficácia duradoura nos processos educativos. A eficácia a longo prazo situa-se na qualidade das estruturas internas, dos esquemas de pensamento e atuação que o indivíduo desenvolve, não em associações passageiras.

A seqüência mecânica de estímulos, de respostas e de reforços não funciona na escola, é um esquema demasiado simplista e não reflete a riqueza de trocas na aula. Estímulos e reforços similares provocam reações bem distintas e inclusive contraditórias em diferentes indivíduos, e também nos próprios sujeitos em diferentes momentos, situações e contextos. Por outro lado, quando funciona, escapa do professor/a a complexidade dos efeitos secundários não previstos e não desejados que pode provocar o condicionamento mecânico de uma resposta ou de uma linha de comportamento. O aluno/ a pode aprender mecanicamente uma conduta e ao mesmo tempo se tornar incapacitado para desenvolver estratégias de busca nesse mesmo âmbito, ou desencadear aversões emotivas em relação à mesma. Por exemplo, o indivíduo pode aprender, mediante prêmios ou reforços positivos, uma conduta desejada pelo professor/ a, a memorização de uma determinada lição, ao mesmo tempo que aprende o hábito de agir na esperança da recompensa. Qual das aprendizagens é mais definitiva e mais relevante do ponto de vista pedagógico? Toda intervenção pedagógica deverá abordar as conseqüências educativas, a médio e longo prazo, da utilização freqüente da motivação extrínseca.

Assim, por um lado, o condicionamento absoluto da conduta do homem é uma missão impossível, porque não se pode manipular nem neutralizar todas as variáveis que intervêm na complexa situação individual e social de intercâmbios e interações. Por outro lado, tampouco está claro que fosse uma opção, do ponto de vista ético e pedagógico, defensável ou desejável. A singularidade da espécie humana reside, precisamente, em seu caráter criador, inacabado e em grande parte indeterminado. O indivíduo e a sociedade vão se configurando evolutivamente na medida em que se constróem. A grandeza e a miséria da espécie humana encontram-se, sem dúvida, na natureza indeterminada de seu pensamento e conduta.

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