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Literatura portugues


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1. BIOGRAFIA


No dia 13 de Junho de 1888 nasceu, em Lisboa, no Largo de São Carlos, às 15:00hs, no 4º andar esquerdo, nº 4, o primeiro filho do apaixonado casal Joaquim de Seabra Pessoa e Maria Madalena Pinheiro Nogueira Pessoa. Devido ao parentesco com Fernando de Bulhões (companheiro de São Francisco de Assis, que recebeu o nome de Frei Antonio) e por ter nascido no dia de Santo Antonio, a criança foi batizada com o nome de Fernando Antonio Nogueira Pessoa – o então conhecido poeta Fernando Pessoa.

  Observando a vida do poeta, notaremos que ele foi uma pessoa muito sensível e culta - herança cultural que recebera de seus pais.

  Joaquim de Seabra Pessoa tinha grande disposição para a música e para a literatura. Além disso, os Pessoas eram tradicionalmente militares, uma família da pequena nobreza portuguesa que tinha direito a brasão.

  Maria Madalena Pinheiro Nogueira Pessoa era açoriana, filha de notáveis da Terceira. Teve uma educação muito apurada, mais do que o usual para a época – falava francês, inglês e alemão. Lia muito e até escreveu versos.

  Os primeiros anos do pequeno Fernando foram felizes e sem história, no entanto o seu destino foi abalado por algumas ocorrências que se seguiram rapidamente umas às outras e que repercutiram “profundamente na sua alma sensível” [4] .

  Em 13 de Julho de 1893 (ele com 6 anos) seu pai morre tuberculoso. Fernando Pessoa, seu irmão Jorge e sua mãe mudam-se para uma casa mais modesta, após um leilão da mobília da família. Em 02 de Janeiro de 1894, morre seu irmão Jorge com apenas 01 ano de idade.

  Nesse mesmo ano, sua mãe conhece o comandante João Miguel Rosa, com quem se casa por procuração em 30 de Dezembro de 1895 e com quem tem mais cinco filhos [5] , fazendo com que o poeta perdesse a atenção exclusiva de sua amada mãe. Na semana seguinte ao casamento, mãe e filho partem para Durban, na África do Sul, para encontrar com o padrasto que exercia as funções de cônsul interino naquele país. Permanecem por lá longos anos.

  Sua descoberta da grande literatura é precoce. Aos 16 anos, o jovem Fernando Pessoa tem “o seu espírito marcado por três coordenadas principais, que lhe vão determinar o futuro: por um lado o distanciamento da mãe-adorada e um redobrado sentimento de perda ou de ausência (do pai e da pátria, o que num certo plano psicológico se confunde), numa palavra uma solicitude magoada de adolescente ensimesmado; por outro lado, a mitificação do país perdido, da Sião escatológica deixada no tempo mágico da felicidade infantil, porque o futuro poeta é na realidade (e sê-lo-á sempre) um português da diáspora, sonhando com uma regeneração de tecidos de que o seu próprio afastamento é paradigma: enfim, a imersão no universo maravilhoso da literatura e do pensamento, onde descobre uma vocação, um caminho e um destino.” [6]

  Aos 18 anos, parte para Lisboa a fim de se matricular no Curso Superior de Letras na intenção de regressar “a mítica terra do pai, à origem, ao centro que lhe era desesperadamente necessário para não se perder de si próprio e de suas raízes.” [7]

  1905 a 1912 são anos difíceis de transição da adolescência para a juventude. “Anos de descoberta da sua própria sexualidade; anos de inibição perante o sexo oposto, anos perturbados, de luta interior, de conquista de formas próprias de ascetismo, de projeção decidida de um reprimido erotismo para a leitura, para o aprofundamento intelectual precoce, para a vocação literária.” [8] . Nesse período ele adere aos ideais da Renascença Portuguesa manifestada pelos artigos que publica na revista Águia sobre a Nova Poesia Portuguesa (então, 1912).

  Entre 1912 e 1914, Fernando Pessoa cria seu próprio círculo de amigos. Os amigos de outrora era todos mais velhos. Mais uma vez ele se sente sozinho, diferente, outro. Por causa de algumas críticas que faz aos escritores da Renascença, ele torna-se desinteressante para os membros, então se separa do grupo.

  “Liberto” dos compromissos para com a Renascença Portuguesa encontra-se cada vez mais freqüentemente com escritores de sua geração – todos desejosos de afirmação pessoal, todos talentosos, todos vanguardistas. Reúnem-se até altas horas nos cafés, discutindo e fazendo planos. Entre eles, Mário de Sá-Carneiro, Santa-Rita Pintor, Raul Leal, Antonio Ferro.

É nesse período (1914/1915) de convívio fecundo e de ataque à Renascença saudosista e lusitana, que Fernando Pessoa descobre toda sua potencialidade. Nasce, então, o primeiro de seus heterônimos: Alberto Caeiro. Em seguida surgem Ricardo Reis, Álvaro de Campos e uma teia de semi-heterônimos. Passa a escrever simultaneamente em seu próprio nome e em nome dessas personagens que são emanações suas, mas a que atribui (sobretudo às três primeiras) uma biografia, uma personalidade, um pensamento, um estilo.

  Sobre os heterônimos abordaremos em outro capítulo, mas é importante ressaltar apenas que eles “são inegáveis manifestações de modernidade intelectual e formal, bem como de gênio criador. Pode imaginar-se a influência que uma tal explosão de inventividade terá tido sobre os companheiros de café e de tertúlia na Lisboa do tempo...” [9]

  Em Abril de 1915 publicam a revista Orpheu – destinada a congregar um grupo de artistas no mesmo “ideal esotérico”. Esses poetas parecem sonhar com o regresso da humanidade, após terem descido aos infernos para se regenerarem das culpas – era o psiquismo social. Só foram publicados dois números – em Abril e em Julho de 1915 – era uma revista muito polêmica e que marcava o advento do modernismo em Portugal, um dos primeiros da Europa.

  O grupo do Orpheu, após alguns acontecimentos, começa a dar sinais de desagregação. Nesse período, em 26 de Abril de 1916, Mário de Sá-Carneiro suicida-se em Paris – um dos maiores desgostos da vida de Fernando Pessoa, “desgosto de que nunca se recomporia completamente, pois era sem dúvida o seu mais querido amigo.” [10]

  Em 1924, ele lança uma “revista de arte” – a Athena, um novo gênero de publicação, com duração de cinco números apenas.

  No período de 1925-1934, o poeta se recolhe cada vez mais no silêncio de seu quarto. Passa a se interessar por política, teosofia e pela “doutrina secreta”. Na sua vida adulta, viveu de trabalhos em escritórios comerciais.

  “Fernando Pessoa, sobretudo nos últimos anos, bebia muito, embora não se embriagasse. Beber é uma forma de fuga e o grande Poeta foi, toda a sua vida, um homem infeliz.” [11] . Teve traumas na infância, já mencionados. Isolava-se por ter dificuldades em estabelecer laços de intimidade com as pessoas. Teve apenas um único romance (ao menos, que veio a público). Foi um namoro casto que durou ao todo 13 meses (1 de Maio a 29 de Novembro de 1920, e 11 de Setembro de 1929 a 11 de Janeiro de 1930) com Ophélia de Queiroz. Esse relacionamento “nos remete para um Fernando Pessoa pudico, casto, introvertido e temeroso das grandes emoções humanas” [12] . Após o rompimento do namoro, o poeta ficou definitivamente sozinho – obedecendo ao “Mestres” desconhecidos, invisíveis e misteriosos da “doutrina secreta” que ele estudava.

  Em Dezembro de 1934, aos 46 anos, recebe o Prêmio Antero de Quental na segunda categoria pelo livro Mensagem.

  Nos últimos anos de sua vida, Fernando Pessoa bebeu cada vez mais, principalmente porque agora lhe pesava a ausência de ternura, de amor, de qualquer forma sentimental do convívio íntimo ou familiar. Já era um alcoólico quando, na noite de 27 de Novembro de 1935, teve uma grave crise hepática. Veio a falecer em 30 de Novembro, três dias após ter sido levado para o Hospital de São Luís. Morreu aos 47 anos, sem ter tempo de organizar, ele mesmo, suas obras inéditas ou dispersas, nem de escrever o “grande livro” de que falara a alguns amigos.

  “A última mensagem de Fernando Pessoa, afinal. Uma mensagem de esperança, se não de confiança iluminada, na vida eterna.

A sombra das tuas vestes

Ficou entre nós na sorte.

Não ’stás morto, entre ciprestes.

Neófito, não há morte.” [13]


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