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Enfrentando nossos limites: Educação popular e escola pública


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Jurgo Torres Santomé


É bastante incompreensível em um Estado como o espanhol no qual tantas pessoas vivem em núcleos rurais e litorâneos, exercendo atividades de agricultura, pesca e derivados, o silêncio e/ou distorção que se costuma dar a estas realidades na maioria dos recursos didáticos.

Ainda continua sendo freqüente encontrar nos livros texto informações sobre estas realidades que ressaltam as dimensões idílicas e míticas destes mundos. Trata se geralmente das visões que as pessoas urbanas de classe média e alta têm do mundo rural e ribeirinho, como lugares onde passam suas férias de verão ou os fins de semana.

Ambas as realidades costumam ser apresentadas como ramos da natureza incontaminada e virgem, onde animais e homens vivem em perfeita harmonia, uma vida tranqüila e relaxada, sem ruídos nem poluição e sem maiores problemas. Na verdade, tais mundos representam os sonhos das pessoas urbanas sobre paraísos onde tudo é paz e sossego, ao contrário do que costuma ser a vida nas grandes cidades. É a contraposição de duas realidades.

Assim, raramente algum livro texto nos fala das dificuldades enfrentadas pelas pessoas que vivem da agro pecuária: das doenças dos animais e suas conseqüências, dos altos custos da criação, alimentação e cuidado do gado; das instalações adequadas e sua rentabilidade; das dificuldades inerentes à agricultura, das pragas que atacam freqüentemente as culturas, dos desastres causados por mudanças climáticas imprevisíveis; das menores oportunidades culturais, sanitárias e econômicas das pessoas que vivem nos núcleos rurais; das deficiências nas telecomunicações, etc.

A mesma coisa pode ser dita sobre as pessoas que vivem do mar. Outra realidade que para a maioria dos meninos e meninas só aparece associada a lugares de lazer durante o verão; onde os únicos barcos que imaginam são embarcações esportivas e, curiosamente, de guerra (destróiers, submarinos, etc.), devido àinfluência de numerosos filmes e seriados de televisão que inundam as programações.

A realidade do mundo litorâneo não ocupa muito espaço nos materiais curriculares; conseqüentemente, nas instituições escolares em que os livros texto são o instrumento prioritário de informação, os estudantes dificilmente conhecerão esta realidade silenciada; os problemas das pessoas que vivem dos produtos do mar; o tipo de pesca que praticam; os peixes que obtêm e as dificuldades da pesca; quais são seus benefícios; o tipo de embarcações de pesca existentes e suas peculiaridades; os deslocamentos realizados pelos barcos e durante quanto tempo; a vida dos pescadores em alto mar; quantas famílias viviam antes e vivem agora da pesca, por que, etc.

Perguntas como as anteriores são imprescindíveis se realmente quisermos conhecer estas realidades; em caso contrário, ocorrem apenas distorções e ocultamentos de uma realidade da qual dependem numerosas pessoas, direta e indiretamente.

Tais posturas de silenciamento nos conteúdos dos currículos elaborados nas instituições de ensino também são sofridas por outras classes, como a dos portadores de deficiências físicas e/ou psíquicas, homens e mulheres da terceira idade, e o que poderíamos denominar de vozes do Terceiro Mundo.

É muito difícil encontrar nos livros textos mais usuais nas instituições escolares alguma informação e ilustrações onde aparecem, pessoas portadoras de deficiência, dados que permitam que alunas e alunos possam analisar e equilibrar os estereótipos negativos que predominam em ambientes familiares, de bairro, meios de comunicação e na sociedade em geral. Em muitos casos, as pessoas portadoras de algum tipo de deficiência são contempladas como merecedoras de intervenções e ajudas definidas como atos de caridade. As palavras justiça, direito, etc., raramente aparecem nas linhas de argumentação básica em uma sociedade que ainda continua tratando de ocultar e segregar este grupo de pessoas, pois não estão de acordo com seus parâmetros de produtividade dominantes.

Os homens e mulheres da terceira idade são outra classe que raramente é citada nos conteúdos culturais apresentados pelas instituições escolares. Pouquíssimas vezes os alunos têm oportunidade de refletir sobre o significado desta etapa evolutiva, sobre as condições de vida das pessoas quando deixam de ter direito ao trabalho. As regulamentações trabalhistas pensadas apenas com critérios de rentabilidade econômica facilitam a segregação deste importante núcleo da população, considerado por algumas pessoas como uma carga para os recursos públicos. Em épocas de crise econômica, as pessoas deste segmento de idade é que costumam sofrer maiores dificuldades.

Trabalhar para tornar uma sociedade mais justa exige que as pessoas também levem em conta este grupo da terceira idade, e para isso é imprescindível que os mais jovens acostumem se a levá las em consideração em suas análises da sociedade e em suas propostas de ação.

Uma marginalização informativa também é sofrida pelos povos do denominado Terceiro Mundo. Atualmente, cerca de 300 milhões de pessoas pertencentes a quase duas centenas de grupos étnicos diferentes têm seu futuro ameaçado, mas na prática, nos materiais curriculares comercializados, já deixaram de existir, pois sua realidade éignorada ou, em alguns casos, este tipo de temática continua sendo tratado como se fosse um circo ou algo exótico. Com freqüência, o Terceiro Mundo é apresentado a partir de duas perspectivas: a) como um conjunto de lugares exóticos e sensuais, o reino da natureza e das pessoas ainda em estado selvagem e feliz, sem maiores problemas cotidianos, como povos supersticiosos, especialistas em magia e curandeirismo e incapazes de construir conhecimento científico; b) como cenários de todo tipo de confrontações entre as etnias que ali convivem, deixando entrever um discurso latente que caracteriza essas populações como primitivas, que não evoluíram e, portanto, com uma preferência "inata" pela violência e a guerra. Em geral, trata se de informações construídas de forma maniqueísta, nas quais se assume uma infravaloração daquelas pessoas e coletivos. Em nenhum momento oferece se aos leitores uma continuidade histórica, na qual sejam apresentadas todas as variáveis imprescindíveis para compreender os motivos de seu atual subdesenvolvimento, de sua pobreza, violência e opção pelas emigrações maciças para os países do "Primeiro" mundo. Talvez, como afirma Albert Memmi (1971, p. 155),"a mais grave carência sofrida pelo colonizado seja a de se encontrar situado fora da história e fora da sociedade".

Em suma, este tratamento racista não passa de uma elaboração e organização da informação coerente com o racismo que define a cultura ocidental desde o século XIX. Método no qual se defende, desde então uma "forma biológica do pensamento social, que absolutiza a diferença convertendo a em uma característica natural" (Wieviorka, M., 1992, p. 84); deste modo é mais fácil apresentar como característica inata de inferioridade aquilo que é uma construção sócio cultural. A infravaloração é a forma mais cômoda d promover a exclusão social, econômica, política e cultural.

Roteiro de Discussão

1) Na tua opinião o que explica os principais problemas da educação do meio rural? Justifique.

2) No modelo de desenvolvimento vigente em nosso país, qual a concepção de educação adotada? Ela atende às necessidades básicas da população do meio rural?


  1. Qual a importância de a comunidade escolar estar construindo propostas de políticas públicas para a educação?

PROPOSTA PEDAGÓGICA

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