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Pelé ou Maradona Alfredo da Mota Menezes


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Pelé ou Maradona


Alfredo da Mota Menezes

Assisti pela ESPN quatro debatedores hispânicos discutindo quem havia sido melhor jogador de futebol: Pelé ou Maradona. A coisa esquentou e até eu queria dar palpites. Como impossível, me reservo a dá-los por esta coluna. E de cara digo logo que o maior de todos foi o Pelé.

Isto nem se discutia antes. Foi a Fifa que arrumou a confusão. Quis saber quem teria sido o jogador de futebol do século. Fez uma pesquisa pela internet e deu Diego Maradona. Começo com minha defesa. Não podia ser só pela internet. Quem a usa mais são os mais jovens, aqueles que viram Maradona jogar e não a Pelé. Quando a Fifa percebeu o equívoco pediu uma escolha por técnicos de futebol do mundo e aí deu o Pelé.

Um dado fundamental que talvez matasse de vez essa discussão é que Pelé foi eleito, em pesquisas nos EUA e na Europa, como o atleta do século. Se o cara foi o melhor de todos, comparado com qualquer outro esporte, como é que pode ser segundo naquele em que ele se projetou? Olhando por este ângulo é até incoerente essa imaginada disputa.

Pelé fez mais de 1.300 gols. Numa média de quase um por partida. Maradona era quase um deus com sua perna esquerda. A direita nem tanto, pouco cabeceava e não fazia muitos gols. Pelé foi campeão do mundo três vezes e duas pelo seu clube. Maradona foi uma e foi também campeão na Itália com o Nápoli.

Pelé nunca usou drogas, o outro sim. Maradona disse, em uma entrevista, que teve acesso a drogas em 1983. Quem é que garante que ele, em 1986, quando a Argentina foi campeã no México, não usou drogas ali. Talvez não tenha sido sorteado para exames antidoping.

Acho que estou apelando um pouco, mas é uma coisa que sempre me encucou. Será que ele só começou a usar drogas no Nápoli? Que só usou isso na Copa de 1994 nos EUA, quando foi sorteado para o exame? Sei não.

Voltando ao que interessa. Os argentinos entronizaram Maradona como algo acima de tudo e todos. Foi até criada uma religião ali, chama-se "maradoniana". Coisa própria dos nossos vizinhos. Eles gostam do trágico. Carlos Gardel e sua morte. Evita Perón idem. O próprio Perón e sua saga e agora Diego Armando Maradona e a sua também. O aspecto trágico do ex-jogador é que talvez mais atraia os argentinos. Drogas, brigas, prisão, separação, quase exílio, são características que fascinam a todos ali.

Mas tem um outro dado também. Os argentinos gostam, como nós brasileiros, do craque, daquele cara que faz e acontece com a bola. Maradona era um fenômeno com a pelota nos pés.

Qual o grande craque que surgiu na Argentina depois de Maradona? Não precisava jogar toda a bola que ele jogava. Não se tem nenhum grande nome. O melhor de todos talvez tenha sido o Batistuta. Este, numa escolha para melhor jogador do ano pela Fifa, ficou em terceiro lugar. Nenhum outro jogador argentino até agora foi agraciado nem com aquele terceiro lugar. Pelo lado do Brasil tivemos Romário, Ronaldo e Rivaldo.

Pois bem, como os argentinos não criaram nenhum grande craque grudam na imagem do maior que eles tiveram em todos os tempos. Não estou dizendo que se surgir lá alguém pelo menos no patamar de um Ronaldo, este jogador destronaria a Diego. Mas na falta de craques agarram-se desesperadamente no "pibe de oro", como eles o chamam.

Assisti ao Pelé jogar pelo campeonato paulista diretamente e inúmeras outras pela televisão. O cara não era normal. Num dos campeonatos ele fez 58 gols. Vi o Maradona pela televisão muitas vezes. Um grande craque, com ou sem drogas, mas atrás do maior jogador de futebol de todos os tempos.



Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta. Fevereiro de 2004


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