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Ii trienal de luanda


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II TRIENAL DE LUANDA

A mais de um ano de distância, o tema central da segunda trienal de Luanda já está escolhido: “Geografias Emocionais, Arte e Afectos”. A Fundação Sindika Dokolo, a responsável pela sua organização, já está a trabalhar no projecto que promete ser ainda mais ambicioso do que a primeira trienal de 2007. Fernando Alvim, vice-presidente da Fundação, esclarece que o evento — a realizar de 13 de Setembro a 19 de Dezembro de 2010 vai assentar em cinco grande eixos:


PROJECTO M2A
O primeiro projecto que já está em execução, consiste no desenvolvimento de uma gigantesca base de dados multimédia com o catálogo dos livros existentes sobre África e sobre Angola em particular que estão espalhados pelo mundo.
Essa base de dados tem permitido à Fundação Sindika Dokolo ir adquirindo alguns desses livros que mais tarde ficarão expostos no futuro Centro de Arte Contemporânea. O nome de código deste projecto, que visa reconstituir a memória africana disseminada pelo mundo, chama-se M2A “Movimento da Memória Africana”. Mas o âmbito do projecto M2A não se esgota nos livros. “Como os museus internacionais teimam em não devolver — nem sequer ceder temporariamente — as obras de arte africanas aos seus países de origem, a Fundação Sindika Dokolo vai contratar vinte fotógrafos africanos que andarão pelos melhores museus do mundo a catalogar, a reproduzir e a recriar as peças mais emblemáticas de arte antiga. “A nossa base de dados será uma espécie de biblioteca de Alexandria multimédia”, garante Fernando Alvim.
NAMIBE DO FUTURO
O segundo eixo é igualmente ambicioso. Trata-se de tornar a cidade do Namibe um dos pólos mais importantes da criatividade africana. Para esse efeito está já em andamento a construção de um projecto arquitectónico ecológico, com um design vanguardista, na cidade do Namibe. Trata-se de uma residencial para artistas, designada “Entre Horizontes”, onde estes poderão criar as suas obras, longe do reboliço urbano, tendo uma magnífica vista de mar azul à frente e uma não menos sedutora visão do deserto atrás.
Fernando Alvim já tem pronta a maquete desse edifício amplo, de dois andares, ultra-moderno, elegante e sofisticado, equipado com materiais 100% amigos do ambiente (caso dos painéis solares), onde pontificam, no andar de cima, as paredes em vidro para se desfrutar o horizonte marítimo à frente e o desértico atrás. Enquanto o edifício não está pronto (prevê-se que isso aconteça em Junho) os artistas já podem ficar alojado em residências alugadas pela Fundação na cidade um “jango” com dois quartos ou em grutas esculpidas em pleno deserto, no Parque Iona, onde há mais seis quartos disponíveis. Fernando Alvim gosta particularmente deste espaço, ideal para a meditação e o planeamento, onde se desconecta do mundo. Ele confessa que tem um fascínio especial pelo deserto, pela sua paisagem inóspita, pelas enormes amplitudes térmicas, pelo convite à calma e à introspecção. “O deserto estimula a minha criatividade”, justifica. Será também no Namibe que a Fundação Sindika Dokolo vai ter o seu aguardado espaço físico. O local está escolhido: trata-se do emblemático Clube Náutico da cidade. A inauguração vai ocorrer no final deste mês. Inclui uma apresentação multimédia com os projectos mais marcantes da Fundação e os concertos de Paulo Flores, da banda Next, de Os Lanucha e dos DJs Selecta Namo.
FOTOGRAFIA AFRICANA
Um terceiro eixo da trienal consiste na realização de uma grande exposição sobre a História da fotografia africana — desde 1928 até hoje. O curador deste evento é Simon Djamin, que pertence ao Conselho Científico da Fundação Sindika Dokolo. Para tal serão convidados cem talentosos fotógrafos africanos, cujas cem melhores fotografias serão expostas em outdoors gigantes espalhados por Luanda. Tais trabalhos também serão objecto de apresentações multimédia em locais de grande visibilidade. “Esse será o evento de abertura da trienal”, adianta.
Embora a fotografia vá ter um destaque especial, as exposições e os espectáculos de dança e teatro irão animar os principais espaços culturais da cidade durante os três meses da trienal. “À semelhança do que fizemos na primeira Trienal onde restaurámos sete espaços para actividades culturais, queremos fazer novamente uma ‘movida cultural’ em Luanda”, sublinha. Esta história vale a pena ser contada. Como a Fundação não tinha locais condignos para as exposições resolveu “entrar à socapa” em espaços abandonados e fotografá-los. Depois bastou mostrar os projectos de requalificação aos donos. “Para eles foi um bom negócio. Ficaram com um espaço renovado sem gastar um tostão. Para nós também foi óptimo pois durante os três meses da trienal não pagámos o aluguer das salas”, recorda Fernando Alvim.
EDUCAÇÃO E MEDIA
À semelhança do que sucedeu na primeira Trienal — onde 30 mil alunos, de mais de cem escolas, puderam assistir a alguns eventos ao vivo — a educação e os media serão outro eixo central do evento.
Dado o êxito da iniciativa em 2007 que envolveu o apoio de empresas privadas nas refeições e no transporte das crianças, haverá certamente numerosas visitas de estudo aos locais da exposição.
Para além disso, a Fundação está a tentar equipar todas as escolas de Luanda com um projector de vídeo para que seja a Trienal a visitar a escola e não apenas o contrário.
“É um projecto que orçámos em cerca de 80 mil dólares e para o qual estamos a tentar angariar patrocinadores”,
diz Fernando Alvim. Outro projecto de grande impacte será a disponibilização de ecrãs multimédia nas estações de correio nos quais os utentes poderão visionar apresentações da Trienal. No que se refere aos media, para além da campanha de marketing da trienal e dos referidos outdoors espalhados pela cidade, a Fundação terá um espaço regular de divulgação das suas iniciativas na televisão, na imprensa e na rádio. Recorde-se que a Fundação já possui o programa Rádio Zwela, na LAC, que visa promover o debate e o diálogo sobre a cultura e a arte contemporânea. Ainda este ano vai nascer também a revista mensal Zwá e um programa de televisão semanal. Estes serão os “órgãos oficiais” de promoção da trienal. De referir, por fim, que a Fundação já possui a sua própria revista de divulgação “Uanga”, que prima pela excelência das imagens e dos conteúdos e cuja periodicidade “é propositadamente irregular”.
PARCERIAS INTERNACIONAIS
O quinto eixo é relativo à abertura ao exterior, dado que a Trienal irá estabelecer parcerias com 20 cidades do mundo — das quais 5 são angolanas (Luanda, Namibe, Lubango, Benguela e Huambo). Uma primeira iniciativa desse género já está a acontecer em São Paulo. “Em regra somos nós que recebemos os artistas do Brasil. Desta vez aconteceu o contrário”, diz. A Fundação Sindika Dokolo apoiou o empresário Mário Almeida, dono do restaurante Baía, na criação de novo espaço de divulgação das obras plásticas africanas. A galeria de arte, intitulada SOSO — Arte Contemporânea Africana, foi inaugurada com uma exposição de quatro jovens artistas angolanos, num evento que contou com a presença de mais de 300 pessoas. A qualidade da iniciativa e o facto da galeria ter sido criada numa zona — avenida São João — que o município de São Paulo quer revitalizar, grangeou a atenção e os elogios de toda a imprensa paulista, em particular da Folha de São Paulo que fez uma grande reportagem no local. Neste mesmo espaço estão sedeados os escritórios da Fundação e as residências para artistas.
A“internacionalização” não se fica pelo Brasil. Já em Outubro, a Fundação participará na Bienal de Bordéus (França) tendo sido convidada a “reinventar o espaço” e a expôr os trabalhos de artistas angolanos no prestigiado Grand Théâtre. A Fundação está a preparar a intervenção artística ambiciosa que visa deixar uma marca de qualidade semelhante à do pavilhão africano da Bienal de Veneza de 2007, que mereceu os elogios da imprensa mundial. “Estes ante-projectos são um óptimo ensaio para a trienal”, diz Fernando Alvim que acrescenta: “até ao início da Trienal mais protocolos serão celebradas à semelhança do que já se firmou com a Faculdade de Arquitectura de Lisboa. A Fundação tentará aumentar o fluxo de exposições e apoiar a criação de residências para artistas noutros locais do mundo”.
CENTRO DE ARTE EM 2012
Um dos pontos altos da presença na Bienal de Bordéus é a construção de uma maquete gigante — onde os visitantes poderão caminhar pelo seu interior — do futuro Centro de Arte Contemporânea, da Fundação Sindika Dokolo. Este projecto, devido à arquitectura arrojada, é a “menina-dos-olhos” da equipa operacional da Fundação composta por Marita Silva (directora), Claúdia Veiga (coordenadora imagética) e Carlos Major (coordenador de produção). A data de conclusão está prevista para 2010. Mas ainda não se sabe onde será edificado. Luanda ou Namibe são as hipóteses mais fortes.
O Centro irá organizar exposições, concertos, conferências, sessões de cinema em auditório e ao ar livre e albergará o espólio da Fundação. Recorde-se que Sindika Dokolo já é dono do maior acervo de arte africana do mundo, com mais de 3 mil obras. Quem visitou no final do ano passado a exposição Input que decorreu no Museu de História Natural (ver Vida nº. 1) pôde apreciar as aquisições recentes. A equipa criativa da Fundação já desenhou, inclusivamente, a sinalética do centro que consegue aliar de forma magistral a funcionalidade com a estética. Percebe-se que Fernando Alvim é um artista que dá valor aos detalhes. “Uma das coisas que me incomoda quando uso os computadores é ter de me cingir às paletes de cores existentes. Eu prefiro criar as minhas próprias cores com base no que observo à minha volta. A natureza em Angola tem cores lindas que eu reproduzo fielmente na minha palete de cores. Isso faz com que as obras saiam com um estilo original e perfeitamente enquadradas com o local onde foram concebidas”, afirma. As cores fortes da segunda trienal, marcadamente africanas, são um bom exemplo. Terminamos com uma boa notícia. À semelhança do que sucedeu na primeira trienal todas as exposições e espectáculos serão gratuitos. Tal com diz o ditado popular: a cultura não tem preço.

As cores da segunda trienal


A sinalética da segunda trienal já está definida. Enquanto na primeira apostou-se no vermelho e branco. A segunda vai optar-se por tons africanos mais quentes que vão desde o verde claro, o laranja, o castanho, o cinzento, branco e preto. A comunicação da trienal incluirá um programa de rádio (que já está em emissão na LAC) uma revista mensal e um programa de televisão semanal.


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