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Melastomataceae em uma floresta estacional semidecidual montana


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ISSN ON LINE 2317-9686

MELASTOMATACEAE EM UMA FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL MONTANA

Polyanne Aparecida Coelho¹, Rubens Manoel dos Santos², Wedley Gonçalves Veloso³, Jean Daniel Morel4, Paulo Oswaldo Garcia5 e Marco Aurélio Leite Fontes6

1: Universidade Federal de Lavras, Lavras, Minas Gerais, pcoelho.ufla@gmail.com

2: Universidade Federal de Lavras, Lavras, Minas Gerais, rubensmanoel@dcf.ufla.br

3: Universidade Federal de Lavras, Lavras, Minas Gerais, wedleyveloso@hotmail.com

4: Universidade Federal de Lavras, Lavras, Minas Gerais, jean_d_morel@yahoo.com.br

5: Universidade Federal de Lavras, Lavras, Minas Gerais, paulogarcia@dcf.ufla.br

6: Universidade Federal de Lavras, Lavras, Minas Gerais, fontes@dcf.ufla.br



Introdução

Melastomataceae é uma família predominantemente neotropical, com 4200 a 5000 espécies, distribuídas em regiões tropicais e subtropicais, apresentando maior diversidade na América do Sul (CRONQUIST, 1981; RENNER, 1993). A família está distribuída em 11 tribos e 185 gêneros (RENNER, 1993). No Brasil, é a sexta maior família entre as angiospermas, com 1321 espécies (4,17% do total de espécies de angiospermas reconhecidas para a flora brasileira) e 67 gêneros (BAUMGRATZ et al., 2012).

Melastomataceae compreende os hábitos de vida de ervas, subarbustos, arbustos, árvores e lianas, estando presentes nos estratos como terrícola, rupícola ou epífita (BAUMGRATZ et al., 2012). Possuem folhas inteiras, de disposição oposta, sem estípulas e nervuras acródromas, que caracterizam o grupo, com exceção de Mouriri e Votomita, que possuem nervação peninévea (SOUZA; LORENZI, 2008).

Economicamente, o uso da família é predominantemente ornamental, com uso das espécies Medinilla magnifica, Schizocentron elegans, Tibouchina clavata e Tibouchina granulosa, dentre outras. Algumas espécies são também utilizadas para extração de madeira, enquanto outras possuem grande importância ecológica, pois possuem frutos comestíveis (SOUZA; LORENZI, 2008).

Ocorrem extensamente pelo Brasil, sendo comuns em quase todos os tipos vegetacionais brasileiros. Em alguns ambientes, como as bordas de florestas, são indicativas de perturbação natural ou antrópica (LORENZI, 1992).

Especificamente nas florestas montanas da região neotropical, a família Melastomataceae é muito representativa em número de espécies e abundância de indivíduos, entretanto estes ambientes estão entre os mais desconhecidas e ameaçados ecossistemas florestais dos trópicos.

Sendo Melastomataceae uma família grande e complexa, são necessários vários estudos para sua compreensão, ligados tanto a florística quanto a taxonomia (ARAÚJO, 2001). Assim, o objetivo deste estudo foi realizar o levantamento de espécies da família Melastomataceae em uma Floresta Estacional Semidecidual Montana, situada na Chapada das Perdizes, em Minas Gerais.

Material e Métodos

O estudo foi conduzido no município de Minduri, Minas Gerais, situado nas coordenadas geográficas 21º 37’ 2.23” S e 44º 34’ 13.13” W.

Essa região corresponde a uma transição vegetacional entre Mata Atlântica e Cerrado, que abriga formações florestais nas baixadas com maior umidade e formações campestres e rupestres no alto das serras, em solos com maior drenagem. Em muitos casos, as florestas são adjacentes à formação de candeal, com predominância do gênero Eremanthus. De acordo com Pereira et al. (2007), o clima local é do tipo Cwa de Köppen, com precipitação média anual de 1.483 mm. A área de estudo corresponde a um remanescente florestal com cerca de 3 mil hectares, com altitude variando de 1.039 a 1.500 metros.

De acordo com Oliveira Filho e Fontes (2000), entre este gradiente altitudinal ocorrem no local as fitofisionomias Floresta Estacional Semidecidual Baixo Montana (700-1.100 m) e Floresta Estacional Semidecidual Alto Montana (> 1.100 m). O remanescente, conhecido localmente como Mata Triste, é um dos maiores da região do Alto Rio Grande e está situado na vertente sudeste da Chapada das Perdizes, que abriga as nascentes do Rio Capivari e de vários outros cursos de água tributários do Rio Grande.

Esta região, denominada Região de Itumirim, corresponde à área número 97 da publicação “Biodiversidade Em Minas Gerais: Um Atlas Para A Sua Conservação” (DRUMMOND et al, 2005) e é considerada como de importância biológica muito alta devido à sua alta riqueza em espécies de plantas, notadamente das famílias Orchidaceae, Asteraceae e Melastomataceae e pela presença do gênero Podocarpus, além da importância de seus recursos hídricos. Sabe-se também que a área é importante para a obtenção de recursos e refúgio para animais silvestres criticamente em perigo de extinção.

Para a obtenção dos dados foi utilizado o Método do Caminhamento (FILGUEIRAS et al., 1994). As coordenadas geográficas do perímetro do remanescente foram marcadas com um aparelho GPS (Global Positioning System). Para a identificação das espécies, a área foi percorrida em toda a sua extensão através de caminhamento em linhas. As espécies de Melastomataceae de todos os hábitos que ocorreram nas linhas foram anotadas e delas foram coletadas amostras, as quais foram prensadas e deixadas em estufa por 72 horas para secagem. A identificação dos indivíduos, quando não pode ser feita no campo, foi realizada pela consulta a especialistas e literatura correlata. Sempre que possível os indivíduos foram identificados até o nível taxonômico de espécie.



Resultados e Discussão

Na área de estudo encontraram-se diversos ambientes, com predominância de Floresta Estacional Semidecidual Montana. Nas cotas inferiores, é marcante a presença de cursos d’água, os quais convergem das cotas superiores. Nesse mesmo padrão, ocorrem mudanças na vegetação, que passa a apresentar vegetação menos densa, chegando a seu limite superior altitudinal em um ecótono de floresta e campo de altitude. Em alguns pontos da floresta foi possível observar interferência antrópica, principalmente corte seletivo de algumas espécies com potencial madeireiro como Eremanthus spp..



A família Melastomataceae foi encontrada em todos os ambientes, tendo sido representada por 21 espécies, distribuídas em seis gêneros, conforme tabela a seguir:

Gênero

Espécie(s)

Tococa

Tococa sp.

Trembleya

Trembleya parviflora (D.Don) Cogn.

Cambessedesia

Cambessedesia sp.

Tibouchina

Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn.




Tibouchina fothergillae (Schrank & Mart. ex DC.) Cogn.

Leandra

Leandra quinquedentata (DC.) Cogn.




Leandra scabra DC.




Leandra sp. 1




Leandra sp. 2




Leandra sp. 3




Leandra sp. 4




Leandra sp. 5

Miconia

Miconia chartaceae Triana




Miconia urophylla DC.




Miconia doriana Cogn.




Miconia pusilliflora (DC.) Naudin




Miconia cinnamomifolia (DC.) Naudin




Miconia willdenowii Klotzsch ex Naudin




Miconia discolor DC.




Miconia sp. 1




Miconia sp. 2

O gênero Cambessedesia (Microlicieae) apresenta distribuição geográfica restrita ao Brasil, entre 10º - 25ºS e 40º - 55º W. Apresenta 21 espécies, que ocorrem desde o sul do Piauí e Pernambuco até o leste do Mato Grosso e norte do Paraná (MARTINS, 1984). Trembleya é comum em campos rupestres (GOLDENBERG et al., 2012), apresentando-se geralmente como arbustos. Tococa é um gênero neotropical de arbustos, pequenas árvores ou trepadeiras, distribuído do sudeste do México à Bolívia e nas Antilhas apenas em Trinidad e Tobago (MICHELANGELI, 2005).

Tibouchina apresenta hábitos variados com aproximadamente 250 espécies, concentradas especialmente no Brasil (PERALTA, 2002), sendo amplamente distribuída na Mata Atlântica como pioneira. Leandra, um gênero neotropical, está constituído por cerca de 200 espécies, que se distribuem desde o México e Antilhas até o sul do Brasil e Argentina (BAUMGRATZ e SOUZA 2005), sendo frequente em altitudes elevadas das formações florestais atlânticas (GOLDENBERG et al, 2012).

Miconia é o gênero com maior número de espécies dentro de Melastomataceae, com ocorrência desde o sul do México até a Argentina, sendo que no Brasil as espécies ocorrem em vários ecossistemas. No domínio da Mata Atlântica as espécies se distribuem desde o nível do mar, nas restingas até as florestas alto-montanas, também ocorrendo em cerrados e campos rupestres (BAUMGRATZ e CHIAVEGATTO 2006).

Os nomes das espécies aqui apresentadas foram extraídos da Lista de Espécies da Flora do Brasil 2012.



Conclusão

Melastomataceae é uma família que, apesar de abundante nas formações florestais brasileiras, encontra-se ainda pouco estudada, considerando a inexistência de trabalhos específicos sobre a família em várias regiões. Geralmente os dados existentes provem de listagens florísticas de outros trabalhos que envolveram toda a comunidade. Trabalhos específicos sobre essa família devem ser desenvolvidos, considerando sua importância ecológica e diversidade, visando também um maior conhecimento da flora arbórea das Florestas Estacionais Semideciduais Montanas em geral.



Agradecimentos

Agradecemos aos órgãos de fomento à pesquisa FAPEMIG e CNPQ, pelo financiamento do projeto aqui apresentado.



Referências Bibliográficas

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