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Enfrentando nossos limites: Educação popular e escola pública


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As Etnias Minoritárias ou sem Poder


Sem dúvida, a reflexão sobre o verdadeiro significado das diferentes culturas das raças ou etnias é uma das importantes lacunas existentes hoje em dia. Em momentos problemáticos como o atual, no qual raças ou etnias diferentes tratam de compartilhar ou utilizar um mesmo território, este vácuo torna se mais evidente. A instituição escolar também é o lugar no qual a carência de experiências e reflexões sobre educação anti racista e programas plurilingüísticos é notada de maneira mais visível (Torres Santomé, J., 1991).

O racismo aflora de numerosas formas no sistema educacional, de maneira consciente ou oculta. Assim, por exemplo, podem ser detectadas manifestações de racismo nos livros texto de ciências sociais, história, geografia, literatura, etc., especialmente por meio dos silêncios com relação a direitos e características de comunidades, etnias e povos minoritários e sem poder. As comunidades ciganas, numerosas nações da África, Ásia e Oceania, a maioria das etnias sul americanas e centro americanas, etc., não existem para os leitores deste tipo de materiais curriculares.

As atitudes de racismo e discriminação também costumam ser dissimuladas através de descrições dominadas por estereótipos, silenciamento de acontecimentos históricos, sócio econômicos e culturais. Uma amostra da política de racismo e discriminação evidente na maioria dos livros texto são as descrições e qualificações com as quais são rotuladas as invasões coloniais e as espoliações de recursos naturais de numerosos povos do Terceiro Mundo. Se repassarmos os livros texto veremos que fenômenos como os anteriormente mencionados são denominados atos de exploração, aventuras humanas, fatos heróicos, desejos de civilizar seres "primitivos" ou "bárbaros", de convertê los à verdadeira religião, etc. E muito difícil encontrar reflexões sobre conceitos como exploração e domínio, alusões a situações de escravidão e a ações de brutalidade que marcaram muitas invasões e colonizações de populações e territórios.

A preponderância de visões e/ou silenciamentos da realidade através de estratégias como as mencionadas contribuem para configurar mentalidades etnocêntricas que tendem a explicar tudo recorrendo a comparações hierarquizadoras ou a dicotomias exclusivas entre "bom" e "mau". Esta é uma das maneiras de construir e reforçar estereótipos e preconceitos sobre grupos e povos marginalizados e sem poder e, conseqüentemente, atribuir lhes responsabilidades exclusivas por situações que lhes são impostas. Com uma história narrada com tal quantidade de deformações, é fácil que seus leitores e leitoras cheguem a culpar os membros desses povos chamando os de "primitivos", "cruéis, "assassinos", "ladrões", "estúpidos", "pobres", "exóticos", etc. Assim, quando uma pessoa dessas nações ou etnias é obrigada a emigrar ou a pedir asilo em países onde este tipo materiais impera nas instituições escolares, tem muitas possibilidades de ser recebida com atitudes e comportamentos hostis.

No interior das salas de aula, raramente o corpo docente e os estudantes ocupam-se em refletir e pesquisar questões relacionadas com a vida e cultura de etnias mais próximas e com as quais se mantêm relações de conflito. Em nosso contexto, o exemplo mais flagrante é o do povo cigano. Nem nos materiais curriculares, nem na própria decoração dos centros escolares, aparece nada com que meninos e meninas desta etnia possam se identificar. Suas crenças, conhecimentos, habilidades e valores são ignorados. Em suma, tudo o que é cigano é contemplado como um estigma, algo que deve ser ocultado ou, pelo menos, não promovido.

É preciso tentar superar esta defasagem mediante uma discriminação positiva, uma intensificação da ajuda àqueles meninos e meninas cujos déficits culturais ou atrasos importantes não se devem à sua idiossincrasia genética, mas ao fato de carecer de oportunidades para desenvolver as habilidades e conhecimentos exigidos e valorizados pela instituição escolar. Isto obriga a incorporar como conteúdos do currículo a história e cultura das minorias oprimidas e/ou sem poder. A análise mais profunda das causas da opressão e da marginalidade, em uma palavra, do racismo existente na sociedade, nunca deve se tornar óbvia. O discurso educacional tem de fazer com que meninos e meninas de etnias oprimidas ou dominantes possam compreender as inter relações entre os preconceitos, falsas expectativas e condições infra humanas de vida das populações marginalizadas e as estruturas políticas, econômicas e culturais dessa mesma sociedade.

Uma educação libertadora exige levar a sério os pontos fortes, as experiências, as estratégias e os valores dos membros dos grupos oprimidos. Também significa ajudá los a analisar e compreenderas estruturas sociais que os oprimem para elaborar estratégias e linhas de atuação com probabilidades de êxito.

O Mundo Feminino


Atualmente considera se unanimemente que as relações de "gênero" são relações sociais, construídas pelos seres humanos de uma comunidade em seu dever histórico. Pelo menos teoricamente, já foram abandonadas concepções baseadas em explicações biológicas que tratavam de justificar uma relação hierárquica entre ambos os sexos em determinados períodos históricos e geográficos.

A dominação de um sexo sobre o outro ocorre de maneira mais eficaz quando é realizada através de um processo de hegemonia ideológica, mediante a criação desta consciência e de um consentimento espontâneo nos membros do sexo submetido. Antonio Gramsci utiliza o conceito de hegemonia ideológica para aprofundar esta última nuança, para compreender a unidade existente em toda formação social concreta. Ele considera que a ideologia dominante em uma situação histórica e social pode organizar as rotinas e significados do chamado "bom senso". Quer dizer com isto que essa ideologia impõe de maneira sutil aos seus seguidores significados e possibilidades de ação, fazendo com que modos de organização e de atuação de uma sociedade, que contribuem para manter situações injustas, cheguem a ser percebidos como inevitáveis, naturais, sem possibilidade de modificação.

Neste caso, para este trabalho de submissão, os homens utilizarão o apoio proveniente do fato de possuírem o controle de determinados aparelhos e esferas do Estado. A missão desta hegemonia patriarcal é a de reproduzir no plano ideológico as condições para a dominação de gênero e a perpetuação das atuais relações sociais de produção e distribuição.

Ressaltar o grau e a forma na qual se produz uma marginalização das mulheres no sistema educacional éuma tarefa que tem adquirido especial interesse nestas duas últimas décadas. As mulheres não são alheias a este fato, nem tampouco a sua luta de ascensão e a uma maior sensibilidade democrática que, depois de tantas décadas, parece ser característica deste final de século em quase todo o mundo.

Vivencialmente já estamos longe de períodos históricos bastante recentes nos quais até mesmo chegava se a proibir a mulher de ter acesso a instituições educacionais. Não nos esqueçamos, por exemplo, que Concepción Arenal, em meados do século passado, teve que se disfarçar de homem para poder entrar nas salas de aula universitárias; ou, para não nos limitarmos ao nosso país, que a famosa escritora inglesa Virginia Wolf, no início deste século, denunciava que não lhe permitiam entrar sozinha nas bibliotecas universitárias, pois devido à sua condição de mulher, precisava ir "acompanhada" por um fellow do Gollege; tampouco podia fazer algo tão trivial, mas agradável, como pisar a grama, o que era permitido apenas aos seus companheiros do outro sexo.

Embora atualmente um processo similar resultar nos ia inimaginável, isso não quer dizer que as mulheres em nossas sociedades tenham conseguido superar todas as discriminações das quais sempre foram objeto. Sem dúvida, neste século a mulher já conseguiu concretizar muitas das suas aspirações. Entretanto, parece me que não seria bom cairmos em um otimismo exagerado, que paralisaria processos que ainda precisam melhorar muito.

Concretamente houve progressos indiscutíveis no sistema educacional. Além de ter acesso às instituições universitárias, em algumas delas a presença feminina é notável. A escola mista é uma realidade; neste sentido, a Lei Geral de Educação de 1970 contribuiu para derrubar boa parte do últimos obstáculos legislativos.

A esta altura da história de nossa sociedade, salta à vista que a presença da mulher em todos os níveis do sistema escolar já está garantida. Qualquer professor pode constatar que o número de meninos e meninas nas instituições escolares é praticamente igual. Isto evidencia duas questões que até poucos anos atrás vinham sendo objeto de discussão e polêmica.

Por um lado, a presença das mulheres em todos os níveis educacionais acaba definitivamente com o tão discutido conceito da inferioridade suas capacidades em comparação com o homem. Por outro, esta mesma presença é uma amostra de otimismo para os que consideram possível alterar o curso das situações sociais, corrigir as desigualdades e injustiças sociais e, conseqüentemente, demonstra que é possível romper com a filosofia pessimista do sistema educacional como reprodutor dessas injustiças sociais. Portanto, este avanço nos sucessos obtidos pelas mulheres pressupõe a possibilidade de democratizar muito mais o sistema educacional.

No entanto, ainda é preciso percorrer um longo caminho até a verdadeira supressão das discriminações originadas na dimensão de gênero.

A preocupação pela presença do mundo feminino deve continuar existindo especialmente se levarmos em conta que, a meu ver, está ocorrendo uma fort remasculinização da sociedade.

Frente a importantes avanços nos direitos das mulheres começam a ser detectado sérios ataques a tal filosofia. Alguns setores importantes e poderosos da sociedade estão interessados em outro tipo de mulher, diferente do desejado pelas próprias mulheres. Isto se reflete na insistência do cinema atual nas dimensões mais agressivas do homem, na importância dos valores estéticos da mulher e em sua consideração como objeto de desejo sexual. Assim, por exemplo, títulos de filmes e senados de televisão como Las chicas de oro, Pretty Woman, etc., insistem em que a única coisa importante para a mulher seria ter casos e satisfazer uma sexualidade apresentada de maneira exagerada e, portanto, ridicularizada.

Ao mesmo tempo, filmes como Exterminador, Máquína Mortífera, Rambo, etc., de enorme sucesso, apresentam­nos o homem musculoso e agressivo como o modelo a ser imitado. Parece que já ficaram para trás as imagens de um homem mais terno, de sonhador romântico, como as propostas pelo cinema de Woody Allen, por exemplo.

Nesta linha de remasculinização da sociedade surgiu também uma nova mensagem: as mulheres não são imprescindíveis nem para cuidar e educar seus filhos e filhas. Um exemplo deste tipo de mensagem éencontrado em filmes e seriados nos quais aparecem homens sós tomando conta de crianças e nos quais se vê como resolvem de maneira muito aceitável os problemas que cotidianamente surgem neste âmbito. Tudo isso está certo, mas às custas da exclusão e da concorrência com a mulher.

Não obstante, persiste também um cinema de resistência que evidencia que nem tudo está perdido. Títulos como Thelma e Louise continuam ridicularizando as visões machistas de interação homem mulher.

O sistema educacional tem de contribuir para situar a mulher no mundo, o que implica, entre outras coisas, redescobrir sua história, recuperar a voz perdida. Os alunos de nossas instituições escolares desconhecem por completo a história da mulher, a realidade das causas da sua opressão e silenciamento. Estudar e compreender os erros históricos é uma boa vacina para impedir que fenômenos de marginalização como estes continuem se reproduzindo.


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