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A psicologia2 arte Manuela Monteiro q, Milice Ribeiro dos Santos


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@_[__SPitz designa por hospitalismo” a depressão vivida por crianças a quern, faltou a presença materna (geralmente órfãs
ou ahandonadas e criadas cni asilos),

Sorriso
0 psicanalista René Spitz (1887-1974) perspectiva o sorriso’ - entre as seis e as


doze semanas - como a primeira manifestação comportamental activa e intencional da criança, desenvolvida na comunicaçao mãe/filho. 0 sorriso é um comportamento que une o fisiológico e o emocional.
Para este autor, este primeiro sorriso é indiferenciado; a criança, quando sorri, não sorri a mãe, sorri à humanidade, pois reage a uma gestatt, isto é, a uma configunação de rosto com olhos, nariz e boca. 0 rosto será um sinal que desencadeia reac-
ções positivas interessante sabermos que o bebé sorri a qualquer rosto de frente e
mesmo a uma máscara em movimento; contudo, não sorrirá a'um rosto de perfil.
Aos seis meses, o bebé tem já um sorriso para pessoas preferenciais: é um sor-
riso social, que o leva a não sorrir a estranhos.
Vinculação
John BowIby, psicanalista britânico, seguindo os estudos de Spitz, começou por estudar a carência afectiva e a perda da ligação maternal.
Para este psicanalista, a necessidade de (apego, attacbement), isto é, a necessidade de estabelecimento de contacto e de laços emocionais entre o
bebé e a mãe e outras pessoas próximas, é um fenómeno biologicamente determinado. A necessidade de vinculação não é fruto da aprendizagem, mas uma
necessidade básica do mesmo tipo que a alimentação e a sexualidade. BowIby’ considera que esta necessidade não é herdada - o que se herda é o potencial para a desenvolver.
Segundo Rene Zazzo, esta descoberta implica uma reorganização profunda das novas perspectivas sobre a primeira infância.
r-i_--o, sorrisos iniciais do bebé - que sorri quando dorme, quando tem os olhos fechados - são sorrisos reflexos, auto-
máticos, distintos do sorriso que surge entre as seis e as doze semanas.

2 - Ver capítulo sobre a motivação p. 117,

‘Evidentemente que o que é novo não é dizer que o bebé se vincula à mãe e às pessoas do seu meio! Toda a gente o sabe e constata. A novidade, a descoberta, relaciona-se com a origem desta vinculação: até bá pouco pensava-se que era o resultado de uma aprendizagem, boje pode afirmar-se que é o efeito de uma necessidade primária que, para se realizar, dispõe provavelmente de meca-
nismos inatos.

ZAZZO, R., in A Vinculaçào, Socicultur. 1978. p. 7


A teoria da vinculação constrói~se a partir da intersecção das concepções.T^ etolõgicas, psicanalíticas e da aprendizagem social.
carência, dependência, sorriso, vinculação.
0 comportamento
maternal
p. 1 7
A relação mãe/filho
e o processo de socialização
p. 40
itinerário
A relação mãe/filho e a construção de
personalidade
A perspectiva
de Freud .’/2.'/3.’ estádios pp. 21-24
A perspectiva de
Erikson U idade
p. 36
T ‘Desde os primeiros meses de vida, o bebé começa a elaborar modelos de representação
do mundo que o rodeia e de si próprio, enquanto agente deste mundo. De todos os
elementos do seu meio, nada desempenba um papel maior que a Uiura materna. Em consequência, a partir do segundo ano, a vida mental e o comportamento da criança são cada vez mais influenciados pelos modelos de representação de si próprio e da mãe, através dos quais ela percebe o seu universo, interpreta as suas percepções e conduz as suas acções. “
ZAZZO
1. 1. Comenta a frase sublinhada do texto.
1.2. Explica de que modo a relação mãe/bebé é encarada por Freud e Erikson.

ADOLESCENCIA


A adoles ^ i ‘ humana mar-
cência e uma época da vida cada por profundas transformações fisiológicas, psicolõgicas, pulsionais, afectivas, intelectuais e sociais vivenciadas num determinado contexto cultural.
Mais do que uma fase, a adolescência é um processo com características próprias, dinâmico, de passagem entre a infância e a idade adulta.
“Nós rejeitamos a ideia comum de que a adolescencia é exclusivamente uma preparação para a
vida adulta... os adolescentes são pessoas com qua~ lidades e características específicas, que têm um
papel interventivo e responsável a desempenbar, tarefas a realizar e capacidades a desenvolver, num momento particular da vida”.
KONOPKA, G., citada por SPRINTIIAI,I, e COLIANS, cf). cit, p. 93
Conceito recente, suscita, na segunda metade do século XX, grande profusão de investigações em
áreas diversificadas: psicologia, sociologia, história, antropologia, medicina...

0 primeiro livro - Adolescence - dedicado ao estudo psicológico da adolescência foi escrito pelo americano Stariley HalI, em 1904. Segundo este autor, o adolescente opunha-se a criança pela intensa vida interior, pela reflexão sobre os sentimentos vivenciados. Era uma visão conflitual e que negligenciava os factores socioculturais, que vieram posteriormente a ser considerados como fundamentais. As características da adolescência eram, segundo o autor, predeterminadas biologicamente.


Uma das dificuldades do conceito de adolescência advém da delimitação etária deste período, pois existem diferenças entre os contextos culturais, géneros mas-
culino/ferninino, meios geográficos, condições socioeconómicas.
Além disso, no mesmo meio encontramos grandes variabilidades de indivíduo para indivíduo: há puberdades muito precoces, outras são muito tardias. Por outro lado, uma mesma pessoa tem diferentes ritmos de maturação. Há indivíduos com
um pensamento operatório formal, mas sem características pubertárias; enquanto que poderemos encontrar transformações fisiológicas precoces em crianças emo-
cional e intelectualmente pouco amadurecidas: “Cada um tem uma maneiraprópria de evoluir’, diz Maurice Debesse.
Se se pode afirmar que a adolescência começa com a puberdade, já não é tão fácil dizer quando termina. Dizer que a adolescência acaba quando se passa a “ser jovem adulto” é, na sociedade contemporânea ocidental, difícil de definir. Essa “definição@’ passa pelo entrecruzamento de factores biológicos, afectivos, socioculturais, geográficos.
Será importante relevar que a adolescência se define vulgarmente pela negativa: o adolescente já não é criança e ainda não é adulto.
A ambiguidade e as dificuldades na definição do conceito são agravadas pela existência de preconceitos, reflectidos nas frases feitas do senso comum e que são
impeditivas da compreensão dos adolescentes. São comuns expressoes do tipo:

,, idade do arinário”, @@ idade da parvoícè’, , idade da caixa”, “a idade mais maravilhosa”, “estar na fiasé’. Simultancamente, encontramos representações sociais que quase associam o jovem a vandalismo, marginalidade, delinquência, droga.


A puberdade muda o corpo, a mente e os afectos da criança. Os adolescentes entram numa nova fase existencial, banhados por novas PLIlSõCS, novas sensibilidades novas capacidades cognitivas, novas dificuldades nos seus pontos de referência.
A adolescência é um espaço/tempo onde os jovens através de momentos de maturação diversificados fazem UM trabalho de reintegração do seu passado e das suas ligações infantis, numa nova unidade. Esta reclaboraça-o devera dar capacidades para optar por valores, fazer a sua orientação sexual, escolher o caminho profissional, integrar-se socialmente. Este processo de crescimento 1 41--faz-se também com retrocessos (às vezes dá vontade de Â*
A voltar a ser criança), este crescer faz-se sozinho, com o

melhor amigo, com e contra os pais, com os outros adolescentes e com os outros adultos.


Existem muitas adolescências, conforme cada infância, cada fase de maturação, cada família, cada época, cada cultura, cada classe social.
ADOLESCENCIAS
A ambivalência* da adolescência relaciona-se com as transformações globais que ocorrem no indivíduo e que tornam este nível etário de difícil compreensão: pelos outros e pelos próprios. Coabitam, nesta fase, desejos ambivalentes de cres-
cer e de regredir, de se sentir ainda criança e já adulto, de autonomia e de dependência, de ligação ao passado e de vontade de se projectar no futuro.
A sociedade de consumo em que vivemos faz da juventude um público-alvo de exploração: há cada vez mais produtos dirigidos ao adolescente. São cada vez mais significativas as camadas de jovens que detêm - directa ou indirectamente -
poder de compra. Os jovens são, hoje, consumidores efectivos.
0 actual período de escolaridade, na nossa sociedade, prolongou-se no tempo, o que torna o adolescente familiar e socialmente dependente; contudo, são-lhe exigidas, ao mesmo tempo, autonomia e responsabilidade. Esta situação reflecte-
-se ern expressões que são contraditórias e paradoxais. 0 mesmo adulto pode dizer ao mesmo adolescente: /à não és criança, tens idade para ser responsável; ainda não tens idade para saberes o que queres. E o adolescente reconhece e sente bem esta ambivalência. A fragilidade sentida pode estimular surtos regressivos, alienações, comportamentos associais, dificuldades varias. Para muitos autores, o mal-estar sentido pelos jovens, na sociedade actual, tem a ver com a indefinição do seu estatuto social.

No entanto, a adolescência não é obrigatoriamente uma fase Perturbada, até porque grande parte dos problemas são ultrapassados na passagem para jovem adulto.


A adolescência não pode ser compreendida sem se ter em conta os aspectos psicológicos, físicos, cognitivos, socioculturais e económicos. A antropologia, a sociologia e a história mostram que o modo como se vive e manifesta a adolescência varia, sendo esta muito influenciada pelo meio sociocultural.
muitas sociedades primitivas estruturam a passagem para o mundo adulto atra-
vés de ritos iniciáticos que dão as regras e legitimam essa passagem. 0 texto que a seguir transcrevemos aborda esta questão.

Wa maior parte das sociedades prim itivas existem cerímónias, estranbas aos


olhos dos ocidentais, que introduzem os adolescentes na sociedade dos adultos. ( ... ) Fstes ritos podem ser de curta duração ou desenrolar-se durante vários anos; podem realizar-se por ocasião de uma cerimônia simples ou exigir man@festaçóes importantes, que necessitem de construções especiaís e de longos preparativos, podem ser celebrados durante uma.lè,@ta alegre ou em cerimónias imPressionantes que implicam provas perigosas, ridicularizações.jisicas e toda uma cirurgi .a
ritual como a limagem dos dentes, as escar@ftcaçõe@’, a circuncisão, etc. ( ... ).
A literatura etnológica revela a existência, em variadfiNimas tribos, de rituais pubertários em que a ideia de renascimento, quer sela através da reprodução simbólica do nascimento ou de um psicodrama muito complicado, ocupa um
lugiar central ( ... ). 0 acesso a unia vida nova no termo da iniciação é, militas vezes, r@JÓrçado pela atribuição de um nome novo, d@ferente do da injãncia, ou
pela reaprendizagem dos gestos outrora,1àmíliares ( ... ).
A iniciação introduz o adolescente no domínio das regras sociais e culturais e assegura o reconhecimento porparte dos outros membros da sociedade.
CIAES, M., Os (Ia AdoIèwc@ncia. Verho, 1990, pp. 36-16
A adolescência começa com as transformações pubertárias e termina com a construção ele uma autonomia e aquísição de identidade, capacidade de suportar tensões e contra rieda des, de claborar projectos de vida e de inserção social.
Ao terminar a adolescência, o jovem tem o sentimento de individualidade e compreende o seu papel activo na orientação da sua vida, tomando decisões e aceitando compromissos.
Ele cumpriu determinadas tarefas’ como afirmação da identidade pessoal, sexual e psicossocial, bem como a interiorização de normas sociais e a aquísição ele uma autonomia. A aquisição legal de autonomia (maioridade) contribui para datar o fim desta etapa da vida. “Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida” (Sérgio Godinho).
Como diz Horrocks, citado por Claes (op. cit., pp. 48-49):
‘A adolescência termina quando o indivíduo atinge a maturidade social e emocional e adquire a experiência, a habilidade e a vontade requeridas para assumir, de maneira consistente, o papel de um adulto, que é d@finido pela cultura em que vive. “
Apesar de todos os problemas inerentes ao conceito de adolescência e das variações individuais, podemos dizer, de forma genérica, que esta etapa existencial, na nossa cultura actual, abrange um periodo entre os 12-13 anos e os 18 anos.
1 - EscarificaçOes: incisões na pele.

2 - lla\ igl i inst. nos ano, W defiiiiii as tarefas de,@cn (I ue de@eni sei lea cabo paia se poder f@Izer a


Pa,Ylageni para a adultez: relações sociais inaduras, adopção de PapéIS SCXUaIS InaSCUlinos e feinininos, aceitaçjo das iransforinações físicas; indepenciência eniocional cios pais@ aqUisiçao de LIIII sisicina ele @alorcs e aspiraçoes sociais;
Para Lafia p1-O[iS,@àO,

Propomos-te que leias e tentes identificar a época em que foram emitidas as quatro opiniões sobre a juventude que a seguir transcrevemos, apresentadas por Ronald Gibson, numa confe-


rência sobre o conflito de gerações, na Sociedade Médica de Portsmouth - Grã-Bretanha.
A - ‘A nossa juventude ama o luxo, é mal-educada, zomba da autoridade e não tem
nenhuma espécie de respeito pelos velhos. As crianças de hoje são tiranas. Xão se
levantam quando um velho entra numa sala, respondem a seus pais e são simplesinente más. “
B - ---Não tenho nenhuma esperança no futuro do nosso país se a juventude de hqle toma
o mando amanhã, porque esta juventude é insuportável, sem moderação. Simplesmente terrível. “
C - “0 nosso mundo atingiu um estado crítico. Osfilbos não escutam os pais. Ofim do
mundo nãopode estar muito longe. “
D - ‘Estajuventude está podre desde o,fundo do coração. Os jovens são maus e preguiço-
sos. Não serão nunca a juventude de outrora. Os de hoje não são capazes de manter a
nossa cultura. “
Conseguiste descobrir os autores destas afirmações? Confronta as tuas respostas com as soluções na p. 235.
ADOLESCÊNCIA E DESENVOLVIMIEN1r0
‘Xão vês como isto é duro
Ser ‘lovent não e um posto Ter de encarar ofuturo Com borbulhas no rosto”
CARLOS TÊ E RUI VFLOS0
ASPECTOS FISIOLõGICOS
Numa fase de pré-puberdade, que dura mais ou menos dois anos, ocorrem
mudanças corporais (caracteres sexuais secundãrios)’ que preparam as transfor-
mações fisiológicas da puberdade, isto é, a possibilidade de ejaculação e a menstruação.
Os Órgaos sextiais entram em funcionamento e são estas modificações que vão marcar a sexualidade adolescente por uma genitalidade e possibilitam a capacidade da função reprodutora.

São muitas as tr@iiisforni@ic@)es que ocorrem


durante a puberdade. Nos rapazes aparecem pêlos nas pernas, no peito, nos braços, nas axilas e na região púbica. A voz muda e aparece a barba. 0 pênis cresce e a sua pele fica mais escura; os testículos aumentam.
Nas raparigas as ancas alargam e os seios aumentam; aparecem pêlos nas axilas e na zona púbica. Os órgãos genitais crescem e a sua pele escurece.
Nos rapazes e nas raparigas aumenta a transpiração e o odor corporal modifica-se. Aumenta a
altura e o peso; o cabelo e a pele tornam-se mais gordurosos podendo aparecer temporariamente seborreia e acne.
Outras maturações físicas acontecem durante a adolescência, como a ossificação da mão q e se completa, uni aumento do tamanho do coraçao e
dos pulmões.
Existe, entre as raparigas e os rapazes, cerca de um ano e meio de diferença na idade média de chegada à puberdade (12/13 anos e 13/15 anos)’. Esta diferença está relacionada com a estatura, que é, estatisticamente, mais elevada nos rapazes. Regra geral, só se cresce significativamente cerca de cinco anos após a puberdade. Assim, se o processo pubertário é mais precoce nas raparigas, elas deixam de crescer mais cedo.
As transformações que ocorrem na puberdade são da responsabilidade do sistema endócrino. São as hormonas segregadas pelas glândulas sexuais (estrogénios e progesterona nas mulheres e testosterona nos homens) que vão causar as transformações corporais que acabámos de descrever.
ASPECTOS AFECTIVOS
As transformações corporais levam o jovem a voltar-se para si proprio, procurando perceber o que se está a passar, para se entender mais profundamente enquanto pessoa.
Escrever um diário, isolar-se, ter devaneios, solilóquios, pintar ou tocar música correspondem a necessidades interiores e podem contribuir para melhor se
conhecerem e desenvolverem emocionalmente. Alguns adolescentes fecham-se muito sobre si próprios, comunicando pouco com os adultos2.
0 melhor amigo, do mesmo sexo, tem, para muitos adolescentes, uma função muito importante, pois pode encontrar algumas respostas para várias inquietações: Serei normal?; Como vaíser o futuro?1- Sou o único a sentir as coisas desta maneira?...
Offiro facto interessante é o de a puberdade, nos dois sexos, se antecipar, taribora esteja, actualmente, com tendência para se estabilizar. A idade média era, em 1850, de dezassete anos e, em 1950, de treze anos e ineio. Há que di,@tmguir o ---estou só” e o -,@aber estar só’ do sentimento de isolamento,

os adolescentes vivem, em geral, com grande ansiedade as transformações do seu corpo. É muito comum não apreciarem, temporariamente, algumas das suas características físicas: o cabelo, o nariz, a pele, os pés, o peso, a altura... Estes sentimentos são tanto mais inesperados quanto as crianças se sentiam bem no seu corpo antes das transformações pubertãrias. 0 adolescente tem de assumir uma iniagem corporal* sexualizada, o que nem sempre é fácil.


Haverã que distinguir as transformações fisiológicas com
a sua aceitação psicológica. A forma como cada um se autopercepciona (o autoconceito*) e o modo como gostamos de nos (a auto-estima*) são muito influenciados pelo meio em
que se vive, a maneira como se é representado e aceite T pelos outros.
Na sociedade contemporânea a moda exerce, frequente mente, uma certa tirania sobre os jovens, padronizando esti~ los que não se coadunam a todos os corpos.
Alguns jovens sentem necessidade de se afirmarem
c orno diferentes. Assim, a “crise de originalidade” que alguns atravessam tem expressão na forma de vestir, na linguagem, na actividade artística, nas atitudes e comportamentos.
Podemos dizer que muitos jovens são hipersensíveis, que existe uma fragilidade e agressividade que se manifestam em súbitas mudancas de humor. São, assim, frequentes as crises de choro, os estados de euforia, de melancolia. As grandes e globais transformações causam uma tensão que se traduz em impulsos não controlados.
A incompreensão de que muitas vezes se sentem vítimas é, frequentemente, uma projecção* da sua própria dificuldade em se compreenderem intimamente.
Na adolescência, os modelos de identificação deixam de ser os pais para passarem a ser os jovens da mesma idade, o grupo de pares, num processo de autonorma de individuação,
Muitas das duras críticas por vezes tecidas aos pais estão relacionadas com este
percurso interno de individuação do adolescente, de que não têm consciência. Em certos casos, o adolescente pode sentir um vazio, sentir-se desprotegido, perturbado, sem compreender os seus afectos.
ASPECTOS INTELECTUAIS
A adolescência é uma fase em que se obtém uma iii@ittiri(l@iele intelectual. 0 pensamento fornial vai abrir novas perspectivas; exercitã-lo é pôr-se questões, é problematizar jogando com as várias perspectivas dos assuntos, é aprender, é criticar, é interrogar o futuro e a sociedade’.
É, no domínio da problemática indivíduo/ sociedade que o pensamento abstracto se manifesta mais cedo do que nou-
tras áreas.

Dá-se uni alargamento das perspectivas temporais. “Vai ser possível pensar ofuturo epensar no,ffituro


0 raciocínio hipotético-dedutivo é, no desenvolvimento psicossocial, uma arma poderosa nas opções profissionais, nos
caminhos que aspiram, na construção de projectos de futuro.
0 exercício destas novas capacidades cognitivas de abstracção, de reflectir antes ode agir, pode permitir unia distância relativamente aos conflitos emocionais.
0 gosto pela fantasia e pela imaginacão, pelo debate de valores, leva a uma
melhor compreensão de si próprio e do mundo. Há uma exigência de coerência nas discussões intermináveis, no questionar dos problemas e nos argumentos expressos na defesa de uma filosofia de vida, que são importantes na formação de ideias próprias.
Esta mudança intelectual da adolescência vai, pois, permitir construir o “seu sistema pessoaV, como diz Piaget. Existe como que um reaparecimento do egocentrismo. Mas trata~se agora de um egocelitrismo intelecuial - sente~se o centro e
as suas teorias sobre o mundo aparecem como as únicas correctas.
Como consequência do egocentrismo intelectual o adolescente pode sentir-se alvo dos olhares e atenções dos outros.
ASPECTOS SOCIOMORAIS
Durante a adolescência, o jovem vai interessar-se por problernas éticos e ideo-.001#2M”. logico.,,, debate~os, faz opções e constrói valores sociais próprios. A lealdade, a coerência, a justiça social, a liberdade, a autenticidade são alguns dos valores mais defendidos, o que, frequentemente, faz com grande radicalidade.
Os adolescentes revoltam-se, frequentemente, quando descobrem que a sociedade não se coaduna com as aspirações e valores que defendem. Eles desejam, quase sempre, uma perfeição moral e expressam um grande altruísino.
As novas capacidades cognitivas de reflexão e abstracção e o poder de jogar mentalmente com várias hipóteses (raciocínio hipotético-dedutivo) permitem-lhes debater ideias, apreendendo a complexidade dos valores sociomorais, bem como
construir uma teoria própria sobre a realidade social.
A adolescência está ligada a um novo estatuto e papel na comunidade, daí a
sociedade exercer uma nova socialização com novas formas - consciente e inconscientemente exercidas -, como temos vindo a referir,
@_-_David Elkind estudou como o adolescente frequentemente se comporta como se estivesse face a uma “audiência
intaginária” com os olhos postos em si, como se existisse uni público invisível. Estudou ainda a “narrativa pessoal” ou “fábula pessoaV@ que elabora para contar a si e aos outros, relacionada com a crença de que o adolescente pode ter de ser único e dificilmente compreendido. Estas duas características são manifestaçóes de um egocentrismo intelectual.

No entanto, se, no decorrer e no final da adolescência, se obtém uma matura-


cão fisiológica, afectiva e intelectual, em contrapartida não se obtém, regra geral, uma maturação social. São hoje muito referenciados os problemas sobre a aquisição de estatuto de “jovem adulto” e a sua relação com o prolongamento do tempo de escolaridade e a crise de desemprego.
A forma como se vive a adolescência não só está relacionada com a infância como com o meio comunitário envolvente nas suas dimensões geográficas, eco-
nómicas e socioculturais. A adolescência está também relacionada com a forma como se fez a aprendizagem da vida social e como se participou na vida cívica.
Este facto faz-nos levantar questões sobre o papel jogado pela sociedade actual no processo de adolescência. Uma sociedade concorrencial, violenta, con-
sumista, dificilmente se oferece como meio de vida estruturante, que se abra sobre agradáveis horizontes, facilitando a construção de projectos de futuro.
Concluímos com um texto a que poderíamos atribuir o título: Adolescência
tempestuosa: mito ou realidade?
Trecede a puberdade invariavelmente uma adolescência tempestuosa e
rebelde? Fm determinada altura, considerava-se que inuitas crianças, ao entra-
rem na adolescência, iníciavam um período de grande tensão e infelícidade, mas os psicólogos constatam agora que essa caracterização era, em grande medida, Um mito. Muitos Jovens, segundo parece, passam pela adolescência sem perturbações apreciáveis nas suas vidas (PETERSON, 1988@ STEINEERG. 1993).
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