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A cura pela natureza


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E, finalmente, não devemos esquecer o aspecto económico da fitoterapia, que se torna muito importante nas nossas sociedades hipermedicalizadas, nas quais o custo da segurança social é cada vez mais elevado. Podemos

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frequentemente encontrar plantas muito eficazes entre as espécies banais, as especiarias, os legumes, as plantas ubíquas (que se encontram em todo o lado). A utilização de certas plantas exóticas, que se podem cultivar em



casa, é agora também possível.
O poder de cura das plantas está hoje cientificamente confirmado
Inúmeros investigadores, médicos, cientistas ou simples curiosos, redescobriram desde a última guerra a medicina dos simples. Analisaram e testaram centenas de variedades de plantas. Conhecemos agora os principais componentes de inúmeras espécies, que os antigos ignoravam. Estes estudos confirmaram, igualmente, o seu conhecimento empírico e

apercebemo-nos de que as tisanas, as decocções e outras preparações nas quais as plantas possuem uma virtude terapêutica eram sempre prescritas adequadamente.


Podemos então afirmar que as plantas têm todos os poderes? Que as ervas, as flores, as raízes têm todas as virtudes, que constituem o remédio ideal, a panaceia universal? Decerto que não, mas elas têm, em muitos casos, a faculdade de ajudar o corpo a vencer a doença e a recuperar a saúde, em situações nas quais até as medicinas mais sofisticadas falham. As plantas têm, meramente, a pretensão de poder constituir uma ajuda complementar interessante de um tratamento médico.
A “LEI DAS ASSINATURAS” OU A FACE “MíSTICA” DA FITOTERAPIA
As virtudes terapêuticas das plantas
- Em África, as raparigas utilizam uma “planta mágica” Kigelia africana, para aumentar o tamanho e o volume dos seios e tratar a esterilidade. -No Norte da Europa, os Escandinavos desde tempos pré-históricos

que tratam as doenças respiratórias com a Lobariapulmonaria.


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- O salgueiro Salix sp., cura os reumatismos, e o castanheiro-da-Índia

é suposto curar as hemorróidas.
Estas quatro plantas medicinais foram utilizadas por diferentes civilizações, em épocas diferentes, para tratar diversas doenças. A descoberta das suas virtudes foi feita sem qualquer correlação. Contudo, possuem inegavelmente factores comuns. Estas quatro plantas foram descobertas graças à Lei das assinaturas”.
A “lei das assinaturas” revela as virtudes das plantas
*Os frutos da Kígelia africana têm aspecto fálico.

*A Lobariapulmonaria é um líquen foliáceo que se assemelha a um

lóbulo pulmonar.


*O salgueiro cresce, frequentemente, em terrenos inundados e pantanosos e, como é facto conhecido, os reumatismos estão associados à humidade.

*As raízes do castanheiro-da-índia assemelham-se a veias hipertrofiadas.


Nestes quatro exemplos a ciência moderna confirma as virtudes terapêuticas evocadas pelas “assinaturas”. Até foi possível identificar e isolar os componentes químicos que traduzem a acção terapêutica da linguagem da doutrina das assinaturas para a linguagem da química dos medicamentos do século xx*A Kigelia africana contém esteróides cuja assinatura química é

idêntica às das hormonas sexuais.

*O salgueiro contém derivados salicílicos (como a aspirina).

*Um ácido, próximo do ácido cetrátrico, conhecido pelo seu forte

poder antibiótico, foi isolado a partir da Lobaria pulmonaria.

*Os saponídeos anti- inflamatórios justificam as virtudes do castanheiro-da-índia.


Qual é a “fórmula mágica” que permitiu descobrir as virtudes das diversas plantas? Como é que as civilizações “primitivas” chegaram às mesmas conclusões e aos mesmos resultados que os Ocidentais do século xx? Os nossos antepassados não dispunham nem de laboratórios, nem de aparelhos sofisticados, nem de cromatografia.

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Quem formulou primeiro a “lei das assinaturas?


Nunca descobriremos o inventor desta doutrina; ela surgiu provavelmente com os primeiros homens. Nem sequer conseguimos determinar que civilização ou que continente foi precursor em matéria de decifração dos sinais divinos da cura.
Para os Europeus esta doutrina está ligada à medicina e à filosofia de Paracelso, que transformou a antiga regra na lei simula similitibus curantor (o semelhante cura-se pelo semelhante). Esta lei pretende que cada planta contém um sinal que indica a sua prescrição. Por exemplo, uma folha em forma de coração trata perturbações cardíacas, outra em forma de fígado e as flores de cor amarela são indicadas contra a icterícia.
Por outro lado, Giambattista della Poria associou a botânica à astrologia e dedicou a sua obra Phytognomococa ao estudo e à descrição das assinaturas em relação com o cosmos.
A base teórica desta lei pertence à concepção hipocrática e já era

conhecida na Grécia antiga. Mas foi provavelmente no século xvi que a

doutrina das “assinaturas” entrou no cânone do conhecimento médico e na filosofia ocidental. Foi também nessa época que os viajantes e conquistadores espanhóis descobriram que esta lei não pertencia apenas aos Europeus. No tempo de Paracelso a doutrina das “assinaturas” tornou-se no verdadeiro paradigma do conhecimento humano.
A “lei das assinaturas” decifra os “sinais” das plantas
É evidente que a época de Paracelso favorecia a redescoberta, a divulgação e a predisposição para a doutrina dos sinais. Em primeiro lugar porque o homem (e também o cientista) vivia com a consciência da omnipresença divina e o medo da morte. Virava-se para Deus e pedia-Lhe que levasse em conta os seus infortúnios. A certeza de que não estamos sós com as nossas doenças predominava nas mentalidades.
Segundo a teoria dos alquimistas, e de Paracelso em particular, é a


visão das relações entre micro- e macrocosmos que constitui a base importante da doutrina das “assinaturas”, porque:

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“Existe uma correspondência entre o que acontece nos astros e o que acontece na terra, uma influência do céu sobre os objectos que constituem a Natureza.”


Esta ideia teve um papel importante na filosofia do século xvi. A teoria das “assinaturas” está em sintonia com a visão que os alquimistas tinham da matéria, ou seja, com a concepção da transformação. É, com

efeito, a Natureza que impõe um sinal na “matéria-prima” (amorfa) e a

transforma em “matéria última”, que possui a forma característica associada às virtudes medicinais.
Os alquimistas, e em particular Della Porta e Paracelso, desenvolveram toda uma teoria da cosmogonia dos sinais. Devemos lembrar que os

princípios desta teoria são idênticos ou, pelo menos, quase idênticos, em

todas as civilizações.
Como identificar esses sinais
Os sinais podem ser assimilados aos sintomas, às causas das doenças

ou aos órgãos (sinais organolépticos e, eventualmente, aos processos fisiológicos) do corpo humano.


A ficária (Ficaria sp.) é um bom exemplo de sinal “sintomático”: as

suas raízes são inchadas, têm a forma de hemorróidas, e daí o seu nome corrente, erva-das-hemorróidas.


As plantas cuja aparência se assemelha à de uma serpente ou de um escorpião foram, durante muito tempo, utilizadas para neutralizar a acção dos venenos. Elas pertencem ao grupo dos sinais “causais” (ligados às causas das doenças).
Em certas culturas, a utilização destes sinais ia ao ponto de tratar feridas feitas por flechas com plantas que serviam para o fabrico das flechas.
Contudo, os sinais organolépticos eram provavelmente os mais frequentes. As plantas em forma de fígado (como a Repatica nobilis) ou de pulmão (como a Lobaria pulmonaria) estão presentes em todas as farmacopeias.

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Para terminar, não podemos esquecer os sinais ligados aos processos fisiológicos. As plantas com suco branco era suposto estimularem a lactação, Nos índios, a pedra-vermelha eztetl tinha a capacidade de estancar as hemorragias.


Quais são esses sinais?
- É frequentemente a morfologia de uma planta (ou parte dela) que

constitui o sinal:

- As folhas da Hepatica nobilis (anémona-hepática) são recortadas

em três lóbulos profundos com a forma de fígado.

O talo da Lobaria pulmonaria lembra os alvéolos pulmonares.
- As cores constituem a segunda grande classe de sinais:
As plantas amarelas são, com frequência, utilizadas no tratamento da icterícia ou das afecções da vesícula biliar.
- Estes dois sinais (a morfologia e a cor) estão, muitas vezes, presentes em simultâneo:


* As folhas da pulmonária têm a aparência de alvéolos não só por

causa da sua forma, mas também das suas manchas brancas.

* A cor vermelha da parte inferior de uma folha de anémona-hepática reforça a semelhança com o fígado.
- Mas o sabor e o aroma constituem, igualmente, sinais utilizados

pelo homem.


-Todas as partes de uma planta podem constituir sinais: a raiz (ficária, orquídeas), os talos (lianas), a flor (Sarothamnus), o fruto (Kigleya) e também o látex (Chelidonium majus).
-Na tradição chinesa utilizou-se também a repartição anatómica dos

sinais: os botões e as flores representavam as partes superiores do corpo, e as raízes as partes inferiores.


-Os sinais podem estar ligados não apenas à planta, mas também à

sua ecologia. O salgueiro e a rainha-dos-prados, utilizados como antipiréticos e para tratar o reumatismo, pertencem à classe de sinais

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definidos pelo seu habitat, já que ambos crescem em terrenos habitualmente inundados.


-O homem estudou frequentemente as capacidades específicas dos

organismos a fim de os decifrar:

*Assim, na América do Sul utilizava-se a pele de nandu contra os

males do ouvido, por causa da grande dimensão das orelhas deste animal.

*Considerando a coragem e a força do tigre, os Chineses utilizam

o pó dos ossos deste animal como panaceia necessária para recuperar as forças do organismo, enfraquecido pela doença.

*As flores da erva-de-são-joão (hipericão) são amarelas, mas se as

desfizermos entre os dedos tornam-se vermelhas, o que lembra a

reacção da pele às queimaduras do sol (as flores desta planta são utilizadas em inúmeros cremes cosméticos).
Não devemos contudo esquecer que certos sinais nunca foram confirmados (por exemplo, a utilização da noz, que pela sua forma se assemelha ao cérebro, nunca demonstrou qualquer eficácia contra as dores de cabeça).
- Para descobrir certos sinais o homem observou os animais, como

é o caso da quelidónia, que, segundo uma tradição popular, é utilizada pelas andorinhas.

- Os sinais ligados ao sistema reprodutor do homem (fálico, testicular

ou vaginal) constituem uma grande parte dos afrodisíacos e também das plantas anti-sifilíticas. -Não devemos esquecer a categoria dos sinais linguísticos, em que o nome da planta nos indica as suas propriedades. Mas desde há muito que esta categoria parece secundária, já que o homem descobriu primeiro as características dos vegetais e só depois lhes atribuiu um nome. A aceitação da existência de sinais linguísticos exige obrigatoriamente a aceitação da existência de “nomes primários” (supostamente existentes antes do conhecimento). Por outro lado, devemos realçar que determinadas concepções psicolinguísticas (sobre as relações entre o cérebro, o espaço, o tempo e a língua) tentam explicar este fenómeno.

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A fitoterapia decorre da “lei das assinaturas”


O homem sempre procurou uma panaceia para curar os seus males. Para este efeito, a lógica da teoria das semelhanças assenta sobre a busca

de uma planta que possua o maior número possível de sinais. É daí que derivam todos os estudos sobre as plantas que possuem a forma do corpo humano, como, por exemplo, a mandrágora e o ginseng.
Iniciámos estas reflexões com o exemplo das “assinaturas” que foram confirmadas pela biologia molecular. Podemos também demonstrar que inúmeras “assinaturas” utilizadas no passado não têm qualquer poder terapêutico (ou talvez não tenham ainda pura e simplesmente revelado os seus segredos aos nossos laboratórios?).
Quererá isto dizer que a doutrina das “assinaturas” não é credível? Que todas as plantas descobertas através desta lei são o resultado de um mero acaso? Ou tratar-se-ia talvez de “falsos sinais” (mal escolhidos ou mal interpretados) que não constituem o reflexo de uma teoria exacta?
É certo que a doutrina das “assinaturas” foi uma hipótese para um

trabalho de investigação que deu resultados muito interessantes. Ela permitiu a descoberta de inúmeras plantas medicinais, e não esqueçamos que Paracelso, grande partidário desta doutrina, está na origem das bases da química e da farmacologia modernas. Até os que ridicularizaram as

“assinaturas” não podem ocultar a importância do contributo que esta teoria pode ter no campo da fitoterapia.
ALGUMAS NOÇÕES SOBRE A QUÍMICA DAS PLANTAS
Não lhe vamos fazer um curso teórico
A utilização de fórmulas químicas num livro faz baixar a sua venda em 20%, e até o simples facto de se utilizarem palavras como “fenol” ou “flavonóide” pode desencorajar o leitor.
Não pensamos, por isso, como o fazem muitos responsáveis do marketing dos laboratórios farmacêuticos, que uma fórmula ou um nome químico complicado (por exemplo, para-hidroxi-meta-nitro-hidroxibenzoato de metilo) possa aumentar, graças ao seu efeito psicológico (placebo), a eficácia dos medicamentos.

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Os leitores interessados no aspecto e na composição química dos remédios naturais podem consultar, se o desejarem, livros de fitoquímica ou



de bioquímica, de que damos referências no fim desta obra. Limitar-nos-emos, nas linhas que se seguem, ao estritamente necessário e não lhe apresentaremos qualquer fórmula química rebarbativa.
Verifique a composição química das plantas
Os princípios activos das plantas podem ter um carácter químico muito variado e serem compostos por fenóis, flavonóides, antocianos, glícidos, lípidos, aminoácidos e proteínas, chiquímatos, poliacetatos, terpenos, esteróides, alcalóides, etc.
Alguns deles são venenos terríveis. É o caso, por exemplo, da estricnina, da ergotamina, do curare, da cocaína... Parece-nos indispensável lembrar este facto, já que certos médicos e terapeutas têm uma deplorável tendê ncia para banalizar e subestimar o poder da fitoterapia. A composição química das substâncias de origem vegetal confirma não só a sua eficácia sobre o organismo humano, mas também o perigo que a sua má aplicação poderia representar.


A guerra química das plantas entre si
Perguntamo-nos frequentemente qual poderá ser o papel destas substâncias para os vegetais? Por que razão as plantas sintetizam estes princípios activos? Em inúmeros casos a ciência não tem capacidade para fornecer uma resposta a esta pergunta. Mas sabemos que algumas dessas substâncias activas têm um papel na “guerra química que as plantas travam entre si”.
Por exemplo, a Cafluna vulgaris inibe, graças à síntese dos seus mediadores químicos, o desenvolvimento da Avenafatua e deste modo livra-se de um concorrente. O Eucalyptus globulus intoxica os seus concorrentes por meio de fenóis e terpenos, “utilizando” um pequeno coleóptero, o Paropsis atomaria, que come as suas folhas e ingurgita as substâncias

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activas para mais tarde as libertar na proximidade de plantas das quais pretende livrar-se.


A intensidade das “armas químicas” das plantas é tal que uma substância isolada a partir do látex, o Panthenium argentatum, inibe a acção das outras espécies numa concentração de O,000 1 %! Para se obter 20 g desta substância seria necessário utilizar 20 kg das suas raízes.
Compreendemos, deste modo, a terrível eficácia de que dispõem as

plantas para se defenderem das doenças causadas por bactérias ou fungos, e também dos seus diversos predadores: das lagartas aos mamíferos.


A título de curiosidade, podemos acrescentar que esta acção constitui uma das hipóteses apresentadas para tentar explicar o desaparecimento dos dinossauros. Esta tese dá a entender que, no decurso da sua evolução, as plantas se foram aperfeiçoando quimicamente cada vez mais. Tornaram-se então tóxicas para os seus predadores e conseguiram sair vitoriosas dos dinossauros, que não conseguiram desenvolver mecanismos de desintoxicação.
Esta teoria desenvolveu-se, mas desde os trabalhos de Alvarez que se

admite geralmente a teoria da ocorrência de uma catástrofe cósmica como explicação para a sua extinção. Contudo, não se considera, actualmente, uma atitude séria pôr em dúvida o poder da acção biológica dos princípios activos inerentes à fitoterapia.


As plantas também nos protegem
As substâncias contidas nas plantas podem ter ainda outras funções biológicas. Explica-se que a grande quantidade de bioflavonóides contidos nas folhas de certas espécies funcionam como filtros contra as radiações ultravioletas e desempenharam um papel primordial durante a colonização da terra no período siluriano. É possível que estas substâncias venham ainda a ter um papel importante, no futuro, no que diz respeito à protecção do homem contra as radiações resultantes da destruição da camada de ozono.
Segundo as últimas investigações americanas, a presença de fenóis garante uma protecção imunitária e também uma possibilidade de adap

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tação. No caso das plantas que vivem em ecossistemas pobres em azoto, certas espécies utilizam componentes orgânicos para substituir este elemento. Os fenóis, segundo esta teoria, formam com as proteínas complexos acessíveis (contrariamente às proteínas que, só por si, são incapazes de fazê-lo) às plantas como fonte de azoto.




Um dos autores desta obra trabalhou durante vários anos na investigação dos mecanismos de resistência das plantas às poluições atmosféricas e às doenças fúngicas. Pôde constatar que o aparecimento ou o desenvolvimento desta resistência são sempre acompanhados de um aumento importante dos teores em componentes fenólicos. Parece então que os princípios activos constituem um elemento-chave do sistema de defesa dos vegetais contra o stress ambiental e as suas diversas patologias.
Os estudos farmacológicos sobre os flavonóides realçam a complexidade da sua acção sobre o organismo: a capacidade de libertar histaminas, a facilidade de amalgamação às plaquetas sanguíneas e a capacidade de bloquear os efeitos inflamatórios das toxinas do fígado, o efeito sobre o sistema enzimático (os flavonóides depositados nas folhas agem no sistema enzimático e inibem a acção dos parasitas).
A descoberta da presença destas substâncias na superfície dos tecidos vegetais permite compreender melhor o sistema imunitário das plantas.
São, por conseguinte, os vegetais que, em razão das substâncias activas de que dispõem, têm fortes possibilidades de substituírem, com eficácia, os antibióticos. Além disso, certos flavonóides têm, independentemente do seu poder antimicrobiano, um poder antiarteriosclerótico.
A acção terapêutica das plantas
O mistério da Natureza é tal que torna impossível substituir o poder terapêutico da planta por um dos seus princípios activos, isolado quimicamente. A razão deste fenómeno é simples: a sua acção terapêutica baseia-se, em geral, no efeito combinado de vários princípios activos. É o caso, em particular, da salva, que age através dos seus muitos componentes antibióticos e anti-sépticos, bem como dos seus taninos (acção adstringente).

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Algumas noções sobre a combinação dos princípios activos das plantas


É importante saber que uma planta possui sempre vários princípios activos. As espécies (mas também os diversos especimenes da mesma espécie) diferenciam-se pela estrutura química de alguns dos seus componentes e pela sua quantidade (que depende sobretudo de factores ecológicos). Contudo certos autores tentaram simplificar a classificação fitoterapêutica das plantas escolhendo os princípios que caracterizam as suas utilizações terapêuticas. A título indicativo, apresentamos alguns “tipos quimioterapêuticos”, com as suas espécies:
Plantas com alcalóides
Aconitum napeflus (acónito), Bryonia alba (briónia), Conium maculatum (cicuta), Cordyalis cava (cordiala tuberosa). Como podemos verificar, são plantas com uma forte acção, tóxicas, mas

encontram-se neste grupo espécies mais utilizadas na terapia, como o

Leonurus cardíaca (agripalma cardíaca).
Plantas com vitaminas
Petroselinum crispum (salsa cultivada), Ribes nigrum (groselha).
Plantas com acção antibiótica
Hieracium pilosella (pilosela), Plumbago europeaea (dentelária-da-europa).


Plantas com heteróssidos sulfúricos
Allium porrum (alho-porro).

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Plantas com heteróssidos fenólicos


Arctostaphyllos uva ursi (uva-de-urso).
Plantas com flavonóides
psella hursa pastoris (bolsa-de-pastor).
Plantas com heteróssidos cumaríuicos
Melilotus officinalis (trevo coroa-de-rei)
Plantas com renunculóssidos
Anemone nemorosa (anémona-dos-bosques)
Plantas com antracenóssidos
Rhamnus cathartica (escambroeiro).
Plantas com taninos
Fagiis sylvatica (faia).
Plantas com princípios amargos
Artenúsia absinlhum (absinto).
Plantas com cardenólidos
Digitalis lanata (digitália).
Plantas com saponíssidos
Beta vulgaris (beterraba).
Plantas com essências e resinas
Ocinium basilicum (manjericão).
Plantas com glícidos
Borago officinalis (borragem).
Plantas com componentes inorgânicos
Pulmonaria officinalis (pulmonária).

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FITOTERAPIA DAS PLANTAS INFERIORES (Criptogamas)
A maioria dos manuais de fitoterapia, bem como as obras sobre saúde relacionadas com plantas, preocupam-se apenas com as plantas superiores (pteridófitas, gimnospermas e angiospermas). Contudo, a imensa variedade de cogumelos, de algas e de líquenes ultrapassa o número de plantas correntemente utilizadas pelos terapeutas.
Esta riqueza manifesta-se pelo número impressionante de espécies e pela sua profusão em substâncias bioquímicas. Estes organismos são pioneiros na preparação do terreno para outros organismos que lhes sucedem. Encontram-se frequentemente em estado de concorrência e travam uma “verdadeira guerra química” entre si. São dotados de extraordinárias capacidades.
Houve tempos em que o homem procurou os seus remédios no mundo estranho dos cogumelos e das algas. É por esta razão que decidimos apresentar alguns deles, com as respectivas utilizações terapêuticas tradicionais.
A MICOTERAPIA OU O TRATADO DOS COGUMELOs MEDICINAIS
O Outono é o período por excelência dos cogumelos. Mas é evidente que os verdadeiros apreciadores de cogumelos não ligam muito a este pequeno pormenor, já que é possível cultivá-los praticamente todo o ano.
1 Segundo os novos sistemas taxinómicos, os cogumelos já não são considerados plantas. Contudo, por razões práticas, inserimo-los neste capítulo.

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De facto, existem espécies que aparecem nos primeiros dias da Primavera e outras que até existem no Inverno. Mas o Outono é a estação por excelência dos cogumelos.


Quando os colhemos e provamos, negligenciamos quase sempre as suas propriedades medicinais. Contudo, no que diz respeito à sua composição bioquímica, os cogumelos são provavelmente os mais ricos e variados de todos os organismos vivos.
Os cogumelos também são medicinais: uma tradição popular antiga
As capacidades metabólicas dos cogumelos são ainda pouco conhecidas. Mas para dar uma ideia da sua força vital, basta lembrarmos que o Bovista gigantea pode atingir, apenas numa noite, o tamanho de uma abóbora grande e pesar 7 kg (conhece-se mesmo um exemplar com 15 kg). Acrescentemos que o pó (composto em grande parte pelos esporos deste soberbo cogumelo) é utilizado na farmacopeia chinesa como expectorante.

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